A taxa de desemprego no Brasil caiu para 5,6% no trimestre encerrado em julho, o menor índice desde 2012, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do resultado positivo, a economista e consultora em serviços financeiros Ione Amorim afirma que ainda há obstáculos estruturais que precisam ser superados.
“Como atuo fortemente no acompanhamento do superendividamento, eu vejo essa taxa como positiva. Obviamente, alcançar a menor taxa de desemprego ao longo da história, desde que essa série foi criada. Mas, ao mesmo tempo, algumas questões precisam ainda de um avanço. Precisamos de um ambiente onde a qualidade desse emprego seja melhor”, pondera, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
Segundo a economista, o avanço da informalidade e a baixa remuneração comprometem o poder de compra da população. “O emprego é o melhor instrumento de combate ao superendividamento. Mas ainda tem uma rotatividade bastante expressiva [de funcionários nas empresas], por conta da precariedade da qualidade desse trabalho”, explica.
Amorim lembra que a melhora nos indicadores de empregabilidade contrasta com outros problemas persistentes, como a alta taxa de endividamento das famílias e os efeitos de medidas econômicas recentes. “Quando alcançamos o menor índice de desemprego, temos, do outro lado, uma das maiores taxas de endividamento das famílias. E o que está por trás disso? Nós temos o problema da taxa de juros no país, que tanto atrapalha o trabalhador, como inviabiliza investimentos e empregos de mais qualidade”, afirma.
Para ela, é necessário que as políticas públicas avancem não apenas na geração de vagas, mas na melhoria da renda e das condições de trabalho. “A queda é expressiva porque há um esforço do governo em melhorar o ambiente de empregabilidade. Mas precisamos ter um ambiente onde as taxas de juros viabilizem que tenhamos uma produtividade maior e uma melhor qualidade dos salários pagos às famílias, para que elas sejam menos dependentes desse ambiente de crédito”, conclui.
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