O 1º 11 de setembro aconteceu no Chile, em 1973, quando Pinochet orquestrou um golpe militar, derrubando o governo de Salvador Allende, instaurando uma ditadura por 17 anos.
O 2º 11 de setembro, aconteceu nos Estados Unidos, em 2001, e foi o das Torres Gêmeas.
O 3º 11 de setembro, acontece no Brasil, em 2025, este é o da felicidade.
Na quinta-feira passada, vivemos um dos dias mais esperado das nossas vidas. Vidas coletivas, vidas humanas e não humanas. E a gente não para de rir e sorrir e gritar 27 anos e 3 meses! Vivaaaa. Sim, finalmente veremos Bolsonaro na cadeia. Ele não está sozinho, foi condenado com outros militares de alta patente. Que humilhação bonita.
Nestes últimos anos passamos por momentos terríveis que, com certeza, vocês devem lembrar muito bem. Vou citar alguns para que fique mais uma lista para um possível momento de depressão, é só olhar e voltar a rir e sorrir e gargalhar bem alto. Um dos momentos muito tensos, vou citar tal qual aconteceu: foi quando “Em discurso no plenário, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse ontem que só não cometeria estupro contra a deputada Maria do Rosário (PT-RS) “porque ela não merece”. O ataque ocorreu depois de a petista usar a tribuna da Câmara para comemorar o Dia Internacional dos Direitos Humanos e tratar da entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV). É a segunda vez que Bolsonaro ofende a ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos ao fazer uma relação com estupro”.
Esse mesmo dia ele deveria ter sido preso.
Como disse a feminista Flora Tristán em A causa operária, livro de 1843, “Deixa passar uma injustiça e estarás criando milhares”.
Também, o milico deputado, foi cruento demais quando na votação do impeachment contra a Presidenta Dilma Rousseff, afirmou: “Perderam em 1964. Perderam agora em 2016. Pela família e pela inocência das crianças em sala de aula, que o PT nunca teve… Contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra a Folha de S.Paulo, pela memória do Cel. Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff!”
Esse mesmo dia, também, ele deveria ter sido preso. É uma incongruência se utilizar da democracia para falar contra ela, glorificando a ditadura e os seus ditadores.
Escrevendo esta coluna, fui ver que o 15 de setembro, é o Dia Internacional da Democracia. Então, como aparece neste link, estamos um tanto distantes desta utopia chamada democracia, na qual nem todas as pessoas são tratadas da mesma forma, nem gozam dos mesmos direitos, mas também não vivemos num regime militar com torturas e assassinatos políticos cotidianos.
Também vocês devem se lembrar da maldita frase, proferida pelo então presidente do Brasil, ao ser perguntado pelas mortes durante a pandemia: “não sou coveiro, tá?”. Como não sente vergonha, ele e todas as pessoas que o votaram, de tanta maldade, de ter zero empatia com quem estava passando tão mal?!
Lembram também, quando em 2018, pegou fogo o Museu Nacional, em Rio de Janeiro? Aí veio outra das suas frases inesquecíveis: “Já está feito, já pegou fogo, quer que faça o quê?”. Se não sabe o que fazer perante uma tragédia, que deixe outras pessoas que sim sabem o que fazer no seu lugar. É algo óbvio, né?
A fraquejada que deu a volta por cima, qual boomerang.
Lembram (como não?), quando ele disse que teve 4 filhos e na quinta deu uma fraquejada e saiu mulher?
Neste link tem cada frase que a gente não pode deixar nem de esquecer, nem de seguir comemorando os 27 anos e 3 meses.
Ele, Jair Messias Bolsonaro, um homem que se orgulha de odiar mulheres, teve a decisão de ser condenado por uma mulher. Sim, a grande Carmen Lúcia, que, durante o seu discurso lembrou que neste ano se comemoram 40 anos da redemocratização. Quantas simbologias bonitas que há neste 11 de setembro de 2025.
Esta data vai ficar marcada para nós, feministas, como um dia HERStórico. (É um trocadilho que faziam as nossas irmãs estadunidenses na década de 1970, em inglês his, refere-se a eles, enquanto hers, a elas, então, em lugar de falar do conto deles, falamos do conto delas/ do nosso.) E voltamos a dar risadas e gargalhadas e dizer em alto e bom som O dia que um militar misógino foi condenado por uma mulher. Brasil nunca voltará a ser o mesmo depois desse grande voto da nossa Carmen Lúcia, que dia enorme!
“Por isso, o dia da condenação dos generais, dos militares de alta patente e de Jair Bolsonaro, esse vômito produzido pela impunidade dos assassinos de Estado, é o dia mais importante da minha vida, porque não meço a vida pelo indivíduo, mas pelo coletivo. E hoje é o dia mais importante da vida do Brasil, mesmo que a maioria não perceba, porque se divorciou da vida ou simplesmente prefere não saber”. Assim se expressa a maravilhosa Eliane Brum a quem não quero deixar de trazer nesta festa de alegrias.
E recomendo muito assistir este vídeo com tantas vozes necessárias.
Viva o 11 de setembro de 2025!
Tantas vezes cantamos Amanhã vai ser outro dia, hoje é o amanhã tão sonhado.
*Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.