A luta dos empregadas e empregados da Caixa Econômica por direitos da categoria bancária também passa por reivindicações que envolvem o direito à saúde. Para reforçar a pauta foi lançada, no dia 17 de setembro, uma campanha denominada Dia Nacional de Luta em Defesa do Saúde Caixa. A iniciativa reforça a bandeira do reajuste zero e reivindica melhorias na rede de atendimento do plano de saúde do banco.
O Saúde Caixa, criado em 2004, é considerado uma conquista histórica da categoria, resultado de décadas de mobilização da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT). Atualmente são cerca de 274 mil pessoas atendidas, entre empregados, aposentados e dependentes.
Segundo pesquisa produzida pela Fenae e divulgada neste mês, o plano é utilizado por 92% dos empregados e aposentados do banco, evidenciando sua importância para a classe. O levantamento foi realizado entre 27 de junho e 7 de julho deste ano pela Acerte Pesquisa e Comunicação.
A pesquisa ouviu 3.820 trabalhadores ativos e aposentados, avaliando aspectos do plano relacionados à saúde física e mental, rede credenciada e canais de comunicação. Apesar da importância desse direito, 80% da classe reprova o aumento das mensalidades e pagamentos. Além disso, apenas 37% dos empregados da ativa aprovaram a rede de atendimento, e os canais digitais do plano apresentam desempenho frágil: o WhatsApp Saúde Caixa teve aprovação de 30% da categoria, o Fale Conosco 28%, e o Chat Online foi desconhecido por 41% dos usuários, com apenas 17% de aprovação.
Para o presidente da Fenae Sérgio Takemoto, os dados reforçam a necessidade de ações estruturais e de mobilização da categoria. “O levantamento fortalece a defesa do plano junto à categoria e à direção da Caixa, confere legitimidade às reivindicações e ainda ajuda na mobilização da base, mostrando que os problemas enfrentados são reconhecidos e pautados de forma técnica e transparente”, destaca.
A Fenae também defende uma gestão participativa do Saúde Caixa, garantindo que os trabalhadores tenham mecanismos permanentes de acompanhamento e melhoria do serviço. Entre as propostas estão a expansão das gerências e representações regionais de pessoas (Gipes/Repes), com a inclusão de empregados da rede local, e a criação de espaços para que os usuários possam indicar profissionais, clínicas e hospitais a serem credenciados.
“São medidas que podem ser implementadas por meio de negociação e otimização de processos, sem gerar custos adicionais para os usuários”, afirma o presidente da Fenae.
Reajuste Zero

Para o presidente da Fenae os resultados reforçam a necessidade de manter o reajuste zero das mensalidades. “Manifestações dos usuários mostram que já enfrentam dificuldades financeiras para arcar com os custos atuais e que novos aumentos poderiam provocar evasão e fragilizar o pacto de solidariedade do plano. Negociar reajuste zero é uma proposta viável e justa, baseada em dados concretos e na lucratividade da empresa”, observa.
Takemoto ainda destaca que “é preciso buscar soluções estruturais, como maior participação da patrocinadora e o fim do teto imposto de 6,5% aos gastos com saúde, para garantir sustentabilidade sem repassar mais custos aos empregados”.
Em 2004, a Caixa se comprometeu a custear 70% do plano, enquanto os empregados arcariam com os 30% restantes. No entanto, após 2016, a empresa limitou sua contribuição a 6,5% da folha de pagamento, resultando em uma divisão de custos de 50% para cada parte. A categoria luta pela recomposição do acordo original e por mais transparência na gestão do plano.
Campanha em defesa da Saúde Caixa

A campanha lançada nesta quarta inclui atividades de mobilização, comunicação e aproximação com a base. Segundo Takemoto, a luta não é apenas financeira, mas uma forma de garantir acesso à saúde de qualidade sem aumentos abusivos.
Entre as principais reivindicações da categoria estão:
- Reajuste zero das mensalidades;
- Fim do teto de 6,5% dos gastos com saúde;
- Maior participação da patrocinadora (Caixa) no custeio;
- Expansão e qualificação da rede credenciada, incluindo indicação de profissionais e instituições pelos trabalhadores;
- Transparência na gestão e nos dados financeiros do plano;
- Extensão dos direitos do plano para empregados admitidos após 2018, garantindo acesso na aposentadoria sem custos adicionais.
Em julho deste ano a Caixa deu início às instalações dos comitês de credenciamento e descredenciamento de profissionais de saúde, clínicas e hospitais da rede de atendimento do Saúde Caixa. “Foram constituídos 14 comitês regionais de 12 membros, seis indicados pelas entidades representativas e os outros seis pelo banco, com a condição de que haja empregados da rede local para os indicados pela empresa”, explica o presidente da Fenae.
Abaixo-assinado
A luta pelo Saúde Caixa não é nova. Em janeiro deste ano, a aposentada Elisabete Moreira reuniu 26 mil assinaturas em um abaixo-assinado pedindo um plano eficiente, acessível e transparente. O documento foi entregue à presidência do banco em março e somou-se às demandas históricas por melhorias no plano. Segundo a Fenae, houve avanços pontuais a partir do documento. No entanto, ainda não existe uma proposta concreta da Caixa que contemple plenamente as reivindicações.
O que a Caixa diz?
Questionada pelo Brasil de Fato DF sobre a insatisfação de usuários com os custos do Saúde Caixa e outras demandas relacionadas ao serviço, a Caixa respondeu que “todos os pontos apresentados serão cuidadosamente considerados ao longo do processo de negociação coletiva, ainda em andamento, com o objetivo de construir um plano de saúde sólido, equilibrado e sustentável para todos os beneficiários”, pontuou em nota.