No aniversário de 35 anos do Sistema Único de Saúde (SUS), celebrado nesta sexta-feira (19), o ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão fez um alerta sobre o subfinanciamento do sistema. “O Brasil gasta pouco no sistema público, precisa gastar mais”, afirmou, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
Segundo os últimos dados disponíveis, publicados em junho de 2025 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em parceria com o Ministério da Saúde, cerca de 45% do gasto total em saúde no Brasil foi financiado por recursos públicos em 2022. Os demais 55% vieram de desembolso direto das famílias e planos privados. Temporão compara com o Reino Unido, onde o setor público foi responsável por 81,3% do gasto total em saúde em 2024, conforme o órgão oficial de estatísticas do país.
De acordo com o ex-ministro, que esteve à frente do Ministério da Saúde nas gestões Lula e Dilma, a consequência dessa diferença é que milhões de brasileiros ainda precisam pagar do próprio bolso consultas, exames e medicamentos. “Os brasileiros continuam pagando diretamente do seu salário por medicamentos, muitas vezes por consultas ou exames, porque a fila é muito longa, por exemplo, por um procedimento, uma fisioterapia”, explica.
Temporão destaca que, apesar das dificuldades, o SUS é um patrimônio construído por gerações, responsável por avanços como o Programa Nacional de Imunizações (PNI) e o Sistema Nacional de Transplantes (SNT). “O SUS defende vidas, defende a saúde, não tem qualquer tipo de discriminação”, diz. Ele lembra que até países como a Inglaterra se inspiraram na Estratégia Saúde da Família criada no Brasil.
Para enfrentar os desafios e garantir o futuro do sistema, Temporão defende um maior engajamento político da população. “Fiscalizem, controlem, cobrem, perguntem ao seu candidato a vereador, deputado ou senador qual é a posição sobre o SUS. É por aí que vamos construir um SUS cada vez mais forte, de mais qualidade para todos”, conclui.
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