Em um dia, do nada, fui usar o transporte público de Curitiba e simplesmente sumiram todos os créditos acumulados que foram depositados pela empresa que eu trabalhava. Era um valor considerável e eu fiquei na mão, tendo que recorrer ao cartão de crédito e ainda pagar uns centavos a mais para poder me deslocar. O saldo zerado não era um erro de sistema. Pelo contrário, uma ação proposital da Urbanização de Curitiba S.A. (URBS), hoje sob a responsabilidade do prefeito Eduardo Pimentel (PSD).
A empresa se acha no direito – e alega ser legal – confiscar créditos que “expiram após um ano”. Essa brincadeira já custou mais de R$ 22 milhões e trouxe prejuízos a quase 400 mil usuários em um ano. É justamente essa política que será questionada em uma audiência pública na Câmara Municipal de Curitiba hoje, 19, às 19h00.
Entre os convidados para a audiência pública estão representantes da Urbs, do Ministério Público do Paraná, do Procon-PR, da OAB-PR, além de especialistas em mobilidade urbana, direito administrativo e relações de consumo.
Será muito importante ouvir os argumentos dos gestores públicos, principalmente porque a Urbs, em resposta a pedido de informações da vereadora Camilla Gonda (PSB), ‘culpou’ os usuários pela perda dos seus próprios créditos.
“O período estabelecido de 1 ano para a expiração é razoável e suficiente para que o usuário possa planejar-se e organizar-se para evitar a expiração dos valores excedentes em seu cartão transporte”, disse a turma.
Quero, portanto, usar meu cartão transporte com ‘créditos recentes’ para ir a essa audiência e ouvir da boca da Urbs de Pimentel porque eles podem confiscar meus créditos depositados antes de 19 de setembro de 2024.
*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.