O Brasil de Fato vem costurando diálogos com veículos de imprensa chineses, autoridades e representantes de entidades locais em Xangai e Pequim. A diretora-executiva Nina Fideles participou de uma dezena de reuniões estratégicas nas últimas semanas. A visita acontece poucos meses depois da oficialização da presença do Brasil de Fato no país.
O BdF tinha presença na China desde 2023, através de uma parceria com a TVT, mas este ano inaugurou, em 17 de abril, sua correspondência oficial no gigante asiático.
Em Pequim, Nina Fideles foi recebida, no Centro de Imprensa Internacional, por Guo Jiakun, um dos porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores da China, sinalizando o reconhecimento oficial aos esforços de construção de pontes informativas entre o Sul Global.
“Tivemos uma excelente troca de ideias e conceitos e ficou nítido que a política chinesa centrada no povo tem muitos pontos de conexão com o que as forças populares no Brasil querem e pelo qual lutam”, afirmou a diretora-executiva.
Aumentando o fluxo de informação Sul-Sul
A agenda na capital chinesa incluiu visitas às sedes do Diário do Povo Online, CGTN e Agências de Notícias Xinhua. Nas três mídias foram iniciados diálogos para diferentes tipos de cooperações, de troca de conteúdos a trabalhos jornalísticos conjuntos.
Em Xangai, o destaque foi para o acordo da “Cooperação Jornalística para uma Visão Popular Global” com o portal chinês Guancha.cn (观察者网). A parceria busca criar alternativas a fluxos de informação historicamente dominados por corporações midiáticas ocidentais.
A visita ocorre em um contexto de aprofundamento das relações Brasil-China nos últimos anos, que se intensificou a partir da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua afirmação do objetivo de diversificar parcerias econômicas e fortalecer a cooperação Sul-Sul. O governo brasileiro atual tem trabalhado para aprofundar relações com a China.
Em sua visita ao Brasil em 2024, o presidente chinês Xi Jinping chegou a afirmar que a relação entre os dois países “está no melhor momento da História”.
“Sendo os dois maiores países em desenvolvimento, em seus respectivos hemisférios, China e Brasil devem assumir proativamente a grande responsabilidade histórica de salvaguardar os interesses comuns dos países do Sul Global e de promover uma ordem internacional mais justa e equitativa”, disse Xi em novembro de 2024.
“É cada vez mais importante compreender que a construção de sistemas multipolares e experiências a partir do Sul-Sul, como exemplo a do Brics perpassará experiências mais concretas de comunicação”, afirmou Fideles no encerramento da visita, de onde seguiu para a capital russa, Moscou, para uma viagem similar.
Implicações e próximos passos
Apesar do pouco tempo de presença na China, o Brasil de Fato se tornou uma das principais referências de mídia independente para a cobertura sobre o país, onde a grande maioria dos meios estrangeiros são corporativos.
“A troca de conteúdos, co-produções e aproximação entre os veículos do Sul Global com perspectivas próximas é fundamental para ampliar o conhecimento mútuo entre nossos países e fortalecer a mudança dessa rota para o Sul”, disse Nina Fideles.
“Por isso fazemos questão de estar à disposição para a construção de novas parcerias entre o Brasil de Fato e mídias chinesas”, concluiu.
Como novo passo, o BdF consolida sua posição pioneira como primeiro veículo midiático latino-americano e caribenho a estabelecer uma conta oficial em redes sociais chinesas, especificamente no WeChat.

Essa iniciativa rompe barreiras históricas na arquitetura comunicacional internacional, tradicionalmente dominada por plataformas ocidentais, e posiciona o veículo brasileiro na vanguarda da diplomacia midiática China-América Latina.
A presença oficial em plataformas digitais chinesas – que concentram centenas de milhões de usuários – permite ao BdF veicular conteúdos sobre realidades brasileiras e latino-americanas sem a mediação de óticas hegemônicas ocidentais, ampliando significativamente o alcance de perspectivas populares e contra-hegemônicas no espaço informativo asiático.