Desde a quinta-feira (18), a rua do Bom Jesus, no coração do Recife, se tornou palco da reforma agrária em Pernambuco. Estamos lá até este sábado (20), na 2ª edição da Feira Estadual da Reforma Agrária, com centenas de agricultores e agricultoras de todo o estado, toneladas de alimentos saudáveis, produtos beneficiados nas cooperativas camponesas, artesanato, ervas medicinais, fitoterápicos e tudo o que a reforma agrária produz do sertão ao litoral.
Mais que alimento, a feira também será um espaço de cultura, debates, encontros e formação política. Há muito tempo, nós do MST defendemos um projeto de Reforma Agrária Popular. Na prática, estamos falando que o acesso a terra precisa vir junto com outros direitos humanos fundamentais e historicamente negados, como o acesso à água, cultura, desenvolvimento sustentável e muito mais.
E a Feira é uma prova de que, tendo isso, nós conseguimos produzir e beneficiar uma grande variedade de alimentos para abastecer as feiras livres, o mercado local e participar dos programas de aquisição de alimentos de iniciativa dos governos.
Após três anos, esta edição da feira vem numa conjuntura de avanços e conquistas na questão fundiária. Durante este 3º governo Lula já foram entregues 14 assentamentos só em Pernambuco. São 950 famílias, acessando 7,8 mil hectares e R$ 34 milhões em crédito rural.
Na prática, isso significa condições concretas para que as famílias assentadas tenham dignidade para viver e produzir no campo – e vemos isso na prática durante a feira, com a variedade de frutas, legumes, tubérculos, folhosos, pescados, carnes, ovos e outros alimentos à venda por preços acessíveis, fortalecendo os laços entre o campo e a cidade.
Na programação da Feira também temos espaços dedicados a debater meio ambiente, porque a reforma agrária, hoje, também se debruça sobre o tema da preservação ambiental, já que a crise climática reforçou a necessidade de aliar a produção de alimentos com a defesa dos nossos biomas.
Historicamente, o latifúndio se baseia num modelo de exploração extrema do trabalho, da natureza e dos bens comuns. E nós do MST estamos avançando no debate e na formulação de saídas para essa crise, porque os extremos climáticos são sentidos na carne pelo povo trabalhador e pobre do nosso país. Defender a reforma agrária é defender um outro modelo de produção de alimentos que também seja sustentável e ecológico.
E, mostrando que a gente não quer só comida, temos uma programação cultural extensa e diversificada na nossa feira para alimentar a alma e a mística do povo. Nos três dias de feira, temos Malícia Champion, De Cara com o Samba, Mestre Bi, Reginaldo do Forró, Laís Senna convidando Larissa Lisboa, Dunas do Barato convidando Fred 04, Vannick Belchior, Barro convidando Uana e Forró na Caixa.
Isso sem falar nos grupos da cultura popular que levarão as brincadeiras populares do cavalo marinho, ciranda, bois, xaxado, quadrilhas e muito mais. Tudo de graça e aberto ao público, para que a cultura seja democratizada e acessível para nosso povo aproveitar e curtir.
Por fim, queria dizer que a Feira é uma amostra de tudo que é possível fazer quando a terra é democratizada e é parte da nossa utopia de sonhar com o campo como um lugar de possibilidades, de fartura, de partilha com a cidade e de um outro mundo possível.