O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, solicitou uma nova reunião com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a Assembleia-Geral da ONU, que acontece na próxima semana em Nova York (EUA). Se confirmada, será a segunda conversa bilateral entre os dois líderes desde o início do atual mandato do petista.
O último encontro ocorreu em setembro de 2023, também às margens da Assembleia-Geral da ONU. Em outras ocasiões, entretanto, Lula e Zelenski se desencontraram. Em maio do ano passado, durante a cúpula do G7 em Hiroshima, no Japão, a reunião não aconteceu e cada presidente responsabilizou o outro pelo fracasso do compromisso. Em 2024, nova tentativa de conversa foi cogitada no G7 no Canadá, mas não avançou por questões de agenda.
Desde que voltou ao Planalto, Lula tem buscado se projetar como mediador no conflito entre Ucrânia e Rússia, iniciado em 2022. A iniciativa, porém, enfrenta resistência do governo ucraniano e de países ocidentais, que criticam a postura brasileira por considerá-la mais próxima de Moscou. Logo no início do mandato, o Brasil tentou articular com a China uma proposta conjunta de negociação de paz, rejeitada por Zelenski.
Lula e Volodimir Zelensky tiveram divergências nos últimos anos, a partir da postura brasileira em relação à guerra. Desde 2023, o presidente brasileiro evita alinhar-se aos países ocidentais e insiste em se apresentar como mediador do conflito, mas suas declarações sobre o envio de armas à Ucrânia, que segundo ele, apenas “alimentam a guerra” e a tentativa de articular com a China uma proposta de paz rejeitada por Kiev foram vistas pelo ucraniano como gestos de complacência com Moscou.
Além disso, o diálogo direto de Lula com Vladimir Putin, pedindo negociações de cessar-fogo sem responsabilizar explicitamente a Rússia pela invasão, irritaram o governo ucraniano e fragilizou a relação entre os dois presidentes.
Neste ano, o presidente brasileiro voltou a se engajar no tema. Em ligação com Vladimir Putin, após participar das celebrações dos 80 anos da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial, Lula sugeriu que o russo viajasse a Istambul para negociar um cessar-fogo. Delegações chegaram a se reunir na Turquia, mas Putin e Zelenski não compareceram.