As ruas de várias cidades do país foram tomadas neste domingo (21) por manifestantes que protestaram contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita ao Congresso Nacional o poder de autorizar investigações contra parlamentares, conhecida como PEC da Blindagem e o PL da Anistia, que perdoa os envolvidos em atos antidemocráticos no dia 8 de janeiro. Em Brasília o cenário não foi diferente e milhares de pessoas participaram da mobilização.
O ato na capital federal reuniu movimentos sociais, congressistas federais e distritais e artistas. A concentração começou às 10h em frente ao Museu Nacional da República e os manifestantes marcharam até o Congresso Nacional. Alguns artistas também marcaram presença no ato e cantaram para o público, entre eles Pepita, Chico César e Djonga.
De cima da rampa do Museu Nacional, era possível enxergar a dimensão do ato: um mar de pessoas com bandeiras e cartazes rechaçando as últimas propostas aprovadas na Casa Legislativa. Um boneco inflável com o rosto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com as mãos ensanguentadas também foi erguido em frente ao monumento.
Durante a caminhada na Esplanada dos Ministérios, eram entoados palavras de ordem como Sem anistia para golpistas e PEC da Bandidagem, não. Outra pauta levantada foi a insatisfação com a atual gestão do Governo do Distrito Federal. Em alguns momentos, os manifestantes pediram a saída do governador Ibaneis Rocha (MDB) e da vice-governadora Celina Leão (Progressistas) dos cargos.

Deputados distritais também compareceram na manifestação. Chico Vigilante (PT-DF) classificou o ato como um dos maiores e disse que a população não podia aceitar efetivamente a aprovação das propostas:“É muito importante a população aqui na rua para fortalecer a democracia no nosso país.”
Jacira da Silva, jornalista e integrante do Coletivo de Mulheres Negras Baobá, comemorou a mobilização nacional. “Esta data é mais uma das datas de luta em que nós, brasileiros, estamos mobilizados pela nossa democracia.”
“Nós somos contra a PEC da Bandidagem, somos contra essa votação sinistra e covarde que aprovou essa proposta. Nós viemos dizer não e vamos defender o direito do povo brasileiro”, completou.
Antes de ir ao ato em Copacabana, o líder do PT na Câmara, o deputado Lindbergh Farias esteve no ato em Brasília. Na avaliação do petista, a mobilização dá força à aprovação de propostas de interesse popular.
“O projeto de anistia, junto com a PEC da blindagem, perde força. E perde força essa revisão de penas também. Esperamos que essa virada popular facilite a aprovação de projetos que tenham interesse do governo e da população brasileira. Em especial PEC 6×1, a isenção do imposto de renda e a PEC da segurança”, comentou.

Além das falas políticas e apresentações culturais de cantores, foi realizada uma batalha de rima em cima do trio antes da caminhada. Para Lara Lis, integrante do movimento Maloka Socialista, a mobilização demonstrou a força da juventude, em especial a periférica. “Essa manifestação em foi puxada pelas batalhas de rap e outras organizações políticas de periferia, isso demonstra que a população, especialmente a juventude, não deixa mais ninguém falar grosso com a gente”, disse.
“Não aceitamos mais ser humilhados. Tudo que vai, volta. Foi muito representativo todo o Brasil se juntar nesse dia, mas foi muito incrível ver a esplanada toda ouvir um jovem rimando sobre democracia”, finalizou.
Ao final do ato, o rapper Djonga se apresentou ao público e destacou o papel dos artistas como vanguarda e instrumento para alcançar mais pessoas e enfatizou a importância da participação popular nos processos de mobilização política. “A arte tem esse papel de questionar, de trazer as pessoas à reflexão de forma mais leve”, explicou.