As manifestações realizadas neste domingo (21) em diversas cidades brasileiras contra o avanço da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem e do Projeto de Lei (PL) da Anistia aos golpistas de 8 de janeiro foram, segundo a deputada federal Erika Kokay (PT-DF), um recado claro da população ao Congresso.
“Foi um recado que as ruas deste país deram de forma muito contundente para o Parlamento e para todos aqueles autocentrados que só pensam neles mesmo, como são os fascistas”, disse, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. “Eu penso que o Brasil foi às ruas, arrancou o grito que estava engasgado na garganta, para dizer que não vai permitir que tenhamos uma anistia, que, em verdade, é uma tentativa de legitimar os atentados contra a democracia que o Brasil vivenciou”, complementou.
Para Kokay, a reação popular tem potencial de barrar a votação da PEC e enfraquecer o projeto de anistia. “Penso que a PEC da bandidagem não avança, não tem como avançar. O Senado já está dando sinais muito claros, muito nítidos nessa perspectiva de que não avançará”, avaliou.
Ela criticou ainda a tentativa de suavizar o debate sobre a anistia ao rebatizar a proposta de “PL da dosimetria”. “Quando você reduz as penas para tentativa de golpe ou para atentado violento contra o Estado Democrático de Direito, de certa forma você está dizendo que são crimes menores, e são crimes gravíssimos”, afirmou.
Momento histórico
Kokay classificou o atual cenário político como um reencontro do Brasil com a democracia. “O que nós estamos vivenciando no momento é muito importante da nossa história. Primeiro que o Brasil está se reencontrando e dizendo que aqueles que atentam contra a democracia estão no banco dos réus e foram condenados”, mencionou, referindo-se às condenações à prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados por tentativa de golpe.
A deputada destacou que as mobilizações mostram que a sociedade não aceitará pactos com a impunidade. “É um momento histórico da nossa própria trajetória e de um país que ainda nem fez os lutos dos seus períodos traumáticos, seja da ditadura, da escravização ou do próprio colonialismo”, observou.
“Foi muito emocionante o que nós vimos neste domingo, com vários cantos do Brasil. Era como se nós estivéssemos ali, marchando, falando, cantando, lembrando de Eunice Paiva, Clarice Lispector, Zuzu Angel, todas as pessoas que lutaram contra a ditadura, falando em nome de todas as pessoas que carregam as marcas deste período extremamente cruel da história brasileira na pele e na alma”, citou.
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.