A poucos meses da realização da COP30, que acontecerá em novembro em Belém do Pará, o Brasil intensifica sua atuação diplomática para garantir que a conferência seja não apenas um evento climático, mas um marco de reconexão entre ciência, política e cooperação internacional. Entre os dias 16 e 17 de setembro, o presidente-designado da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, realizou uma missão estratégica em Genebra com o objetivo de ampliar o engajamento global e consolidar o protagonismo brasileiro na agenda ambiental.
Genebra, considerada a capital do multilateralismo, foi o ponto de partida da missão. A cidade abriga mais de 30 organizações internacionais e é palco de negociações que moldam as respostas globais a desafios como saúde, trabalho, direitos humanos e mudanças climáticas. Em um momento em que tratados são frequentemente ignorados e as normativas e acordos internacionais sofre reveses diante de interesses nacionais, a presença do embaixador brasileiro sinaliza um esforço concreto para fortalecer os pilares da cooperação multilateral.
Durante sua passagem por Genebra, Corrêa do Lago reuniu-se com líderes das principais agências da ONU. Entre eles o Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, Gilbert F. Houngbo, Diretor-Geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com quem discutiu o papel da OIT na promoção de uma transição justa no mundo do trabalho, especialmente diante das transformações exigidas pela descarbonização da economia global. Já com o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, o diálogo girou em torno da importância de garantir que a sociedade civil esteja plenamente engajada nos debates sobre mudança do clima, reconhecendo que os direitos humanos e a justiça climática são dimensões inseparáveis.
O ponto alto da missão foi o briefing realizado na sede da Organização Meteorológica Mundial (OMM), no dia 17 de setembro. Intitulado “COP30 in Belém: Joining Forces for a Common Purpose”, o evento reuniu diplomatas, representantes de organizações internacionais e membros da sociedade civil. Ao lado da Diretora-Geral Celeste Saulo — primeira mulher a liderar a agência — Corrêa do Lago apresentou a visão brasileira para a conferência, destacando o trabalho conjunto com as ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas).
Em sua fala, o embaixador ressaltou os Mutirões Climáticos — encontros regionais e temáticos que vêm mobilizando comunidades tradicionais, governos locais, setor privado e academia em todo o Brasil. Corrêa do Lago também enfatizou a importância de mobilizar diferentes atores, de diversas áreas e com distintas ideias ao processo das discussoes e acoes da COP, bem como a efetiva necessidade de incorporar os ministros das financas dos paises e economistas ao debate.
Celeste Saulo, diretora-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), elogiou a iniciativa brasileira e destacou que “a COP30 será uma oportunidade única para unir forças em torno de um propósito comum. A escolha de Belém, no coração da Amazônia, é um símbolo poderoso da urgência climática que enfrentamos. O engajamento do Brasil mostra que é possível construir pontes entre ciência, política e sociedade civil para enfrentar os desafios globais com ambição e responsabilidade.”
Ao conectar a COP30 com o coração do sistema multilateral, o Brasil reafirma seu compromisso com uma governança climática baseada na cooperação, na ética e na inclusão. Em tempos de fragmentação internacional, essa missão representa mais do que diplomacia: é uma tentativa de reconstruir confiança e alinhar o mundo em torno de um propósito comum que é a sobrevivência do planeta.