As manifestações em defesa da democracia realizadas neste domingo (21) foram classificadas como “uma mobilização histórica” pela deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, a parlamentar afirmou que os atos mostraram que a população “não tolera mais a forma com a qual a política vem sendo feita no Congresso Nacional”.
“É o povo na rua que tem o poder de alterar a correlação de forças no Congresso, mesmo tendo grande maioria da direita, de centro-direita e até mesmo com a presença de extremistas. Os deputados e deputadas certamente estão olhando agora, e alguns se arrependendo do voto que deram, outros pedindo desculpa”, indica.
Rosário destacou que a mobilização foi uma resposta à aprovação, na Câmara, de dois projetos que considera lesivos à democracia: a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, que dificulta o julgamento de parlamentares, e a tramitação em regime de urgência do Projeto de Lei (PL) da Anistia aos participantes do 8 de janeiro, que pode se estender ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados. “Não deu para esperar, a população assumiu o ato de domingo e vimos o Brasil se erguer por democracia e por soberania nacional”, observa.
A deputada chamou de “casuístico” o PL da Anistia, que o relator, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), tem chamado de “PL da Dosimetria”. O texto pode reduzir punições aplicadas a envolvidos nos atos golpistas e, para Maria do Rosário, é feito sob medida para beneficiar Bolsonaro. “Nós não podemos aceitar que as leis sejam modificadas de forma casuística. Se houver alguma redução de penas, quem tem que fazer isso é o próprio STF. Nós, deputados e deputadas, reduzirmos pena casuisticamente, encomendado por Jair Bolsonaro, é ilegal”, afirmou.
Ela também fez críticas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que pautou a urgência da anistia. “Quando ele colocou a urgência da anistia para votar, jogou gasolina nesse fogo e incendiou o país que foi para a rua dizer que não quer a anistia para golpista e não quer a blindagem de deputados corruptos”, declarou.
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