As manifestações que tomaram as ruas do Brasil no último domingo (21), contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem e o Projeto de Lei (PL) da Anistia aos golpistas de 8 de janeiro de 2023, não se restringiram a um recado ao Congresso Nacional. Para Gilmar Mauro, dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), os atos tiveram também uma dimensão internacional.
“As mobilizações, no fundo, foram um recado para o mundo inteiro, e em particular para os Estados Unidos, para o governo [do presidente Donald] Trump. Foi para o Congresso, para esses picaretas? Sim. Mas foi também para o mundo”, analisa Mauro em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
Os EUA realizaram uma série de ataques recentes ao Brasil. Entre eles, o tarifaço sobre produtos brasileiros, as sanções impostas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a membros do governo e seus familiares, além de ameaças relacionadas ao julgamento e à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em resposta, o governo brasileiro lançou uma campanha em defesa da soberania nacional, afirmando que decisões internas não podem ser pautadas por pressões estrangeiras.
Segundo o dirigente do MST, as ruas voltaram a ser ocupadas pela esquerda de forma massiva, o que não acontecia desde 2013. “Ontem foi a gota d’água de um processo em construção, de uma indignação genuína do povo brasileiro, em particular dos setores progressistas, que amalgamou, criou um momento político”, avalia.
Mauro também acredita que os atos recuperaram a centralidade da militância popular. “Isso recupera e resgata uma autoestima e autoconfiança coletiva que vai ser fundamental para enfrentarmos a conjuntura vindoura. Nós conseguimos uma vitória extraordinária do ponto de vista simbólico e do ponto de vista político. Mas nós não alteramos ainda a correlação de forças”, pondera.
Para ele, a pauta da soberania nacional ganha um novo fôlego com as reações do governo e da sociedade, que vestia camisas do Brasil e carregava bandeiras do país nas manifestações. “É uma retomada do sentimento e da ideia de brasilidade. Mas no sentido nobre, não é um nacionalismo xenófobo que estamos defendendo, é a ideia de nação popular. Soberania é povo, isso é fundamental”, defende.
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