No Dia da Visibilidade Bissexual, celebrado nesta terça-feira (23), o jornalista e ativista LGBT+ Caê Vasconcelos destaca a importância da data para combater preconceitos e dar espaço às pautas específicas da comunidade bissexual. Segundo ele, a invisibilidade ainda é um dos principais desafios.
“Quando pensamos na população geral, muitos se conectam da população LGBT+ a simplesmente o termo gay. Parada gay, movimento gay, casamento gay, então ainda é um movimento GGG, pensando na população cisgênera, heterossexual. Por isso, falamos muito da importância de cada letra ter a sua data de visibilidade”, explica, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
Vasconcelos reforça como a sociedade tende a reduzir a identidade bissexual ao gênero da pessoa com quem alguém se relaciona. “Se eu começo um relacionamento com uma mulher, vou ser lido como uma pessoa heterossexual. Se eu começo um relacionamento com um homem, eu vou ser visto como um homem gay. Mas e a bissexualidade? Onde que ela fica?”, questiona.
Entre os estigmas enfrentados pela comunidade, ele cita a ideia de que pessoas bissexuais precisariam se relacionar igualmente com homens e mulheres. “É uma coisa totalmente errônea e bifóbica porque a pessoa bissexual pode a vida inteira dela se relacionar apenas com um gênero e isso não torna ela menos bissexual”, diz.
O jornalista também critica expressões como “bifestinha”, que banalizam a orientação sexual. “Existem muitos erros e desinformações ainda quando pensamos na bissexualidade. Como se ser bissexual fosse isso: vou numa festa, beijo uma pessoa de outro gênero, e pronto, sou bissexual. Sendo que não, é muito para além”, destaca.
Ao falar da própria trajetória, Vasconcelos, que é transexual, revela que se entendeu como homem bissexual apenas após a sua transição de gênero. “Foi depois da minha transição que eu percebi que não precisava ser um homem heterossexual. A bissexualidade não tem nada de transfóbica, outra fake news, desinformação que temos tentado combater ao longo dos anos”, afirma.
Para ele, a luta contra a invisibilidade precisa ser diária. “Se a gente fosse, uma vez por ano só, fazer a luta, realmente, continuaríamos na invisibilidade. Durante o ano inteiro, a população LGBT é invisibilizada, em junho [mês do Orgulho LGBT+] todo mundo olha. Por isso também é importante cada letra ter as suas ações de combate à invisibilidade em outros meses”, conclui.
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.
