Servidores do Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte (SUS-BH) realizaram um protesto, na segunda-feira (22), após o funeral da médica Maggy, vítima de uma série de ataques à sua conduta profissional, que sofreu uma parada cardiorrespiratória uma semana antes, após vários dias de assédio e intimidações no Centro de Saúde Ventosa, na região Oeste de Belo Horizonte.
Vestidos de preto e com camisas que diziam “profissionais de saúde importam”, os manifestantes cobraram segurança, melhores condições de trabalho e medidas concretas da prefeitura.
“Dra Maggy morreu vítima de uma parada cardiorrespiratória, na própria unidade onde trabalhava, após três semanas de ameaças e violência”, lamentou o vereador Bruno Pedralva (PT) nas suas redes sociais.
Apesar das tentativas de reanimação feitas por colegas e por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a profissional morreu no dia 19 de setembro, gerando indignação entre trabalhadores e movimentos sociais.
Duas semanas antes do episódio, profissionais da saúde já haviam denunciado problemas em plenária do Conselho Municipal de Saúde. Entre os pontos destacados estavam: risco com a retirada da Guarda Municipal dos centros de saúde em dezembro, baixa qualidade dos insumos odontológicos, falta de materiais básicos, repasse insuficiente de verbas e cortes orçamentários da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).
Segundo o Sindicato dos Servidores Públicos de BH (Sindibel), o encontro foi fundamental para que a gestão tivesse contato direto com a indignação dos trabalhadores. “Seguiremos cobrando medidas concretas para garantir melhores condições de trabalho e assistência de qualidade à população”, afirmou a entidade em nota.
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De acordo com colegas de equipe, os ataques eram organizados por um suposto líder comunitário, que promovia ameaças verbais, coação e exposição pública de servidores nas redes sociais, incitando a população contra os profissionais. Além da médica, também foram alvo direto um psicólogo e uma enfermeira da unidade.
No mesmo dia em que Maggy sofreu a parada cardíaca, ocorria uma visita técnica com a presença do vereador Bruno Pedralva e do diretor do Sindicato dos Médicos Samuel Pires, ambos médicos. Eles participaram das manobras de ressuscitação no local. Para Pedralva, a escalada de violência “coloca em risco a saúde e a vida dos trabalhadores” e precisa ser enfrentada com diálogo e respeito.
Dados revelam cenário de insegurança
Dados obtidos pelo mandato de Pedralva junto à Secretaria Municipal de Saúde mostram que, apenas em 2024, houve 1.099 registros de violência em unidades de saúde da capital. Entre eles, 872 episódios de agressão verbal, 563 de violência psicológica e 95 de violência física.
O parlamentar protocolou notícia-crime no Ministério Público e notificou a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) sobre a morte da médica e os ataques contra a equipe.
Audiência pública reforça denúncias
No dia 17 de setembro, uma audiência da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais reuniu representantes de sindicatos, conselhos e trabalhadores. Casos de agressões verbais, racistas e até físicas foram relatados. Pesquisas do Conselho Regional de Enfermagem mostraram que 95% dos profissionais da categoria já sofreram algum tipo de violência, a maioria assédio moral e agressões verbais.
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