O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, disse à Assembleia Geral das Nações Unidas nesta quarta-feira (24) que Teerã “jamais tentará construir uma bomba nuclear”, já que esforços diplomáticos estão em andamento para evitar o retorno de sanções contra o país devido ao seu programa nuclear.
As declarações acontecem no mesmo momento em que o processo de 30 dias lançado pelo Reino Unido, França e Alemanha para restaurar as sanções da ONU contra o Irã se aproxima do prazo final de 27 de setembro.
“Por meio deste, declaro mais uma vez, perante esta assembleia que o Irã nunca buscou ou buscará fabricar uma bomba nuclear”, afirmou o mandatário iraniano na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
“O único que perturba a paz e a estabilidade na região é Israel, mas o castigado é o Irã”, alfinetou. As declarações rejeitam o pedido feito por um grupo de 70 legisladores iranianos para o país rever sua doutrina popular e permitir a construção de bombas nucleares, em um cenário de hostilidade crescente.
Em um discurso gravado na terça-feira (23), o líder supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, reiterou que Teerã não busca construir armas nucleares, mas descartou negociações com os EUA, dizendo: “Isto não é uma negociação. É uma imposição.”
Acusações
As três potências europeias, conhecidas como E3, acusam Teerã de não cumprir um acordo de 2015 com potências mundiais que visa impedi-lo de desenvolver armas nucleares. O E3 afirmou que adiaria o restabelecimento das sanções por até seis meses se o Irã restaurasse o acesso dos inspetores nucleares da ONU, abordasse as preocupações sobre seu estoque de urânio enriquecido e iniciasse negociações com os Estados Unidos.
O Irã já havia apontado a retirada do acordo nuclear pelo presidente americano Donald Trump, em 2018, e os ataques aéreos contra o país, em junho deste ano, como motivos para reduzir seus compromissos anteriores. Em seu discurso na ONU, Pezeshkian acusou o E3 de agir “a mando dos Estados Unidos da América”.
“Ao fazer isso, eles deixam de lado a boa-fé”, disse ele à assembleia. “Eles contornaram obrigações legais. Tentaram retratar as medidas corretivas legais tomadas pelo Irã em resposta à retirada dos Estados Unidos do JCPOA [acordo nuclear com o Irã] e outras incapacidades da Europa como uma violação grave.”
O Irã defende há muito tempo que não busca armas nucleares, referindo-se a um decreto do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, e o serviço de inteligência dos Estados Unidos não conseguiu concluir que o país tenha decidido construir tal armamento. Mas Israel, Estados Unidos e as potências europeias suspeitam dos avanços iranianos no setor nuclear, razão pela qual acreditam que o país poderia rapidamente obter a arma nuclear, caso decidisse fazê-lo.
Na semana passada, ambas as partes culparam mutuamente o fracasso dos diálogos depois que o Conselho de Segurança da ONU autorizou a retomada das sanções, que poderiam causar um grande impacto na economia iraniana, como nos setores petrolífero e financeiro.