21 de setembro de 2025, primavera chegando. Em Porto Alegre, choveu forte na noite de 20/21 de setembro, chuva que continuou na manhã de domingo. Sai ou não sai o Ato contra a Anistia e contra a bandidagem, previsto para as 14h nos Arcos da Redenção, era a pergunta que circulava freneticamente em todos os grupos de WhatsApp.
Troca de mensagens pra cá, troca de mensagens pra lá, o local do Ato acabou sendo mudado no final da manhã: para o viaduto da Avenida João Pessoa, ao lado dos prédios da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde há espaço para ficar abrigado da chuva.
Eis que, de repente, por volta do meio dia, como se fosse um sinal, abre o tempo e tem sol. Primavera chegando com toda força.
No viaduto, povo e mais povo, militância chegando de todos os lados, inclusive fazendo marcha do local previsto originalmente. Multidão cheia de alegria, entusiasmo, todas e todos os idosos na rua, muitas e muitos com bengala, mas caminhando firmes, juventude como fazia tempo não se via.
A multidão saiu caminhando pelas ruas, sem carro de som, entonado cânticos e palavras de ordem direto no gogó, como nos velhos tempos. Passou ao lado do Parque, chegou na rua Osvaldo Aranha, sem combinar previamente com os órgãos de segurança. Tudo no entusiasmo e na alegria de estar na rua por uma muito boa causa. As pessoas nos edifícios do percurso agitam bandeiras, cartazes de Lula, acenam para os manifestantes, que retribuem calorosamente, como nos velhos e melhores tempos.
Há alegria pura nos rostos, nos corpos, nos corações. A vitória do povo, das sonhadoras e sonhadores, das revolucionárias e revolucionárias está presente. Povo, povo e mais povo na rua. E chegando de todos os lados, engrossando a caminhada e a multidão. A democracia e a boa luta estão na rua Brasil afora, em todas as capitais, vivas, com apoio geral e crescente da sociedade, e mostrando toda sua alegria.
A primavera está começando em todos os sentidos. Parece uma bênção num domingo de festa. Mandei mensagem para meio mundo, no final de domingo e na segunda: “Dia histórico o de hoje. dia da virada. em porto alegre chovia. a pergunta de manhã: sai o ato ou não? Foi mudado o local de encontro, para debaixo de um viaduto. Cheguei lá às 14h, gente e mais gente. E mais gente chegando do lugar original. Saímos a pé, sem nada planejado antes, sem caminhão de som, cantando, gritando. Milhares de militantes como fazia tempo não se via. Nos edifícios, como em outros tempos, pessoas agitando bandeiras e cartazes de Lula, nada combinado antes com os órgãos de segurança. Tudo na hora, caminhando, caminhando. Foi tri. Velharada toda cantando, muitos jovens, todo mundo junto, como nos melhores tempos, de baixo para cima. Tamo vivo! Dia histórico. E não vamos parar.”
A virada começou de fato em 21 de setembro de 2025. Os mais antigos lembraram o início das Diretas Já na primeira metade dos anos 1980, que foi crescendo até trazer milhões para as ruas exigindo eleições diretas e uma Constituinte livre e soberana. A Anistia e a bandidagem, definitivamente, não passarão em 2025. A voz do povo na rua não deixarão.
O clima e os tempos políticos estão de muda, felizmente. Do frio e da chuva do inverno, para o sol e o calor da primavera. De quase silêncio e cansaço para visão e projeto de futuro com muita esperança. A presença e o discurso do presidente Lula na Organização das Nações Unidas (ONU) só reforçaram o sentimento de avanço e vitória, com unidade popular.
E não é tempo de parar ou silenciar, quando os ventos sopram a favor. Nada e ninguém vai segurar quem é a favor da paz, da soberania, do cuidado com a Casa Comum, da democracia.
*Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.