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Quanto vale um abraço?

"Apostar na solidariedade como algo instintivo em nós é fundamental para continuarmos lutando por um mundo mais justo"

Não há demonstração de afeto maior do que receber um abraço acolhedor. Pode vir de um conhecido ou até mesmo de um desconhecido — o que importa é que, quando ele acontece, fruto da escolha de duas pessoas por trocar afeto, algo mágico e inexplicável acontece. Sentimo-nos felizes, ressignificados, fortalecidos para seguir nas batalhas do dia a dia — e sabemos bem: elas têm sido muitas.

A ciência comprova o que o coração já sabe. Um abraço pode trazer inúmeros benefícios à saúde: reduz o estresse, fortalece o sistema imunológico, diminui a ansiedade e até alivia dores físicas. Experimente. Você vai dar razão à ciência!

Mas… e quando esse abraço é esperado há tempos? Quando ele é desejado por um coletivo inteiro de pessoas? Ah, aí ele se torna ainda mais especial.

Por isso, esta coluna é dedicada ao abraço que o presidente Lula deu no movimento da Economia Solidária, durante a última reunião do Conselho Nacional de Economia Solidária, realizada em Brasília no dia 1º de abril. Nesse dia, a data foi ressignificada com um gesto verdadeiro, coletivo e fraterno.

Nelsa Nespolo, diretora-presidente da Cooperativa Univens – Justa Trama durante a reunião do Conselho. Foto: Ricardo Stuckert

O presidente surpreendeu a todas e todos ao chegar no evento. Em vez de seguir direto para a mesa principal, fez questão de passar por toda a mesa das conselheiras e conselheiros, cumprimentando e abraçando cada um com genuinidade.

Para o movimento, foi um dia histórico, de esperanças renovadas para aquelas e aqueles que nunca deixaram de lutar diariamente por tudo o que a Economia Solidária representa: qualidade de vida construída coletivamente.

Mesmo diante do desmonte sofrido pela Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério de Trabalho e Emprego (Senaes/MTE) durante o governo Bolsonaro, muitas pessoas seguiram firmes, acreditando que a solidariedade é caminho e que resistir também é um ato de construir.

Vanderlucia Simplicio, coordenadora Geral de Projeto da Senaes/MTE./ Foto: Ricardo Stuckert

Esse abraço coletivo não veio apenas de forma física — ele também esteve presente nas palavras, na escuta ativa, no olhar afetuoso e no sorriso institucional dirigido à sociedade civil que segue clamando por políticas públicas, por investimentos em suas redes, bancos e empreendimentos. Clama, sobretudo, pela regulamentação e fortalecimento da Lei 15.068/2024, conhecida como Lei Paul Singer de Economia Solidária, sancionada por Lula em dezembro de 2024.

Lula com Celecina Rodrigues dos Santos, conselheira nacional de Economia Solidária./ Foto: Ricardo Stuckert

Como já dito, esse abraço era esperado há tempos. E por isso, ele não tem preço. Mais que um gesto de carinho, esse dia foi um chamado à renovação das forças e à continuidade da caminhada, de braços dados com as ações em curso e com quem vem pra somar.

Gilberto Carvalho — carinhosamente chamado de “novo Paul Singer” durante o encontro — foi peça fundamental para que esse abraço acontecesse. Tem se dedicado, dia e noite, à valorização da Economia Solidária e ao fortalecimento do olhar da sociedade para a solidariedade como algo intrínseco ao ser humano, assim como Paul Singer sempre acreditou. Seu trabalho honra a história e revela o potencial do movimento na nova configuração do mundo do trabalho.

Nas palavras do próprio Paul Singer: “nosso grande desafio é nos equilibrarmos entre o instinto de sobrevivência e o instinto de solidariedade”.

Apostar na solidariedade como algo instintivo em nós é fundamental para continuarmos lutando por um mundo mais justo, mais igualitário, onde todos tenham lugares coletivos ao sol — e não apenas um lugar individual.

Abracemos essa luta!

*Adriana Dantas é Educadora Popular e militante das causas ambientais e saúde.

**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

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