O Brasil inteiro acompanha atento o julgamento do século. Não porque seja espetáculo, mas porque nele se decide o alcance real da democracia brasileira. E o que se revela até aqui é inequívoco, Jair Bolsonaro e seus aliados tramaram contra a democracia.
Minutas golpistas, reuniões conspiratórias, plano para matar autoridades da república, uso indevido de estruturas do Estado, as provas não deixam dúvidas de que houve um projeto articulado para abolir o Estado Democrático de Direito e impor a vontade de poucos sobre a soberania de milhões.
As defesas foram ouvidas, como deve ser em qualquer processo justo. Mesmo quem tenta destruir a Constituição tem direito a se defender, e essa é a diferença entre nós e eles. A ampla defesa foi respeitada, mas não apagou a materialidade dos crimes. Pelo contrário, diante das alegações frágeis, o peso das evidências se torna ainda mais nítido.
A Procuradoria-Geral da República foi clara. Não se trata de delírios isolados. Bolsonaro, generais e operadores montaram um núcleo de poder para tentar calar a vontade popular. A cada fala, a cada documento exibido, vimos que não há inocência possível. O país assistiu, em sessão pública, a desmontagem de uma farsa.
O próximo passo não é mais se haverá condenação, mas sim qual será a dosimetria da pena. A expectativa é que as condenações reflitam a gravidade do crime, porque estamos falando de um ataque frontal ao direito de todo o povo brasileiro existir em democracia.
Para nós, mulheres negras, periféricas, trabalhadoras, não se trata apenas de assistir a um julgamento. Trata-se de garantir que nunca mais sejamos reféns de aventuras autoritárias. Bolsonaro e seus aliados precisam ser responsabilizados para que a democracia respire. Porque quando ela é sufocada, quem primeiro sangra somos nós.
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Os frustrados gritam porque perderam o monopólio da narrativa e da impunidade. Nós seguimos firmes porque sabemos que democracia não é dádiva, é conquista. E neste julgamento, a condenação é o único caminho para que o Brasil siga sendo um país soberano, diverso e, enfim, comprometido com a vontade popular.
Andreia de Jesus (PT) é educadora popular, advogada, mãe solo e deputada estadual em Minas Gerais
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Este é um artigo de opinião, a visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato