Os países do Oriente Médio, como Irã (teocracia); Emirados Árabes (monarquia e islamismo) e Israel com o judaísmo, contribuem com o aumento do sincretismo político, uma mistura de crenças e ideologias.
Na atualidade, o ultraliberalismo, com seus poderosos meios de comunicação, incentiva e promove tudo que contribui para desconstruir e desestabilizar a cultura humanista que gerou estados e nações democráticas no ocidente.
É nesse estado de confusão que surge a ideologia do anarquismo. O qual sonha com um mundo de comunidades autônomas, com serviços organizados pela esfera privada, sem intervenção de um poder central. As moedas não seriam mais emitidas pelo governo, mas na forma digital, como o bitcon. Vem dessa utopia a atitude de desmontar tudo: os valores culturais, formas de governo, organizações sociais e conhecimento científico.
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A jornalista americana, Anna Applebrum, na revista Piauí, edição de fevereiro de 2025, em artigo intitulado “Novo obscurantismo”, fala do alastramento de misticismos anti-científicos que atingiu altos escalões da política nos EUA e agora impulsiona as autocracias mundo afora.
O jornalista americano Mark Galli, que foi evangélico e editor da revista Christianity Today (cristianismo hoje) abandonou o evangelismo por causa das incoerências teológicas. Para ele, grande parte dos evangélicos substituiu a fé pela política e, além disso, releva as falhas morais dos lideres.
Atração pelo autoritarismo
É o caso de evangélicos, que em nome de Jesus, participaram da invasão e depredação do Congresso Americano (2022) com bandeiras e inscrições como “Jesus salva”. Evangélicos que sobem em palanque com Bolsonaro apoiando a idéia de priorizar aquisição de armas em prejuízo de alimentos e outras necessidades. O decreto anti-arma do presidente Lula foi aprovado no STF por 10 x 1, sendo o único voto contrário o do “terrivelmente” evangélico, ministro André Mendonça.
Diz textualmente Mark Galli: “evangélicos têm uma estranha atração pelo poder bruto e por figuras autoritárias, ainda que esses líderes carreguem características não cristãs como o racismo, misoginia e palavreado chulo”.
Na tentativa de soluções para essa incômoda situação, intelectuais de diversas partes do mundo estão se organizando para buscar meios de enfrentamento e soluções para que a humanidade possa estar livre dos horrores nazistas latentes na atualidade.
No ano passado, Ingrid Robeys, professora de ética da Universidade de Utrecht na Holanda, publicou livro intitulado “Limitarismo: argumento contra riqueza extrema”. Ela aponta os danos sociais, culturais, mentais, ecológicos e econômicos provocados pelos bilionários. Eles controlam os meios de comunicação; financiam campanhas eleitorais de seus subordinados; subornam autoridades judiciais em benefícios próprios e de facções criminosas; atuam na formação do conservadorismo, valorizando o individualismo à assistência social, subvertendo o estado democrático de direito.
Tudo concorre para prevalecer a mentalidade dos bilionários. Ao invés de apontar a verdadeira razão das crises e dos conflitos atuais, põem a culpa em imigrante e na assistência social publica. Livram da culpa o armamentismo, as guerras, as enormes fortunas conseguidas com privilégios fiscais e lucros exorbitantes.
É por isso que Ingrid Robeys diz que as correntes progressistas não podem abandonar as causas que a caracterizam como justiça e igualdade social, anti-racismo, preconceitos contra etnias, transexuais, mulheres, e minorias, defesa do meio ambiente, equilíbrio regional, educação e saúde gratuitas para a população de baixa renda.
Antônio de Paiva Moura é professor de História, aposentado da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) e UNI-BH. Mestre em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande Sul (PUC-RS).
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Leia outros artigos de Antônio de Paiva Moura em sua coluna no Brasil de Fato MG
Este é um artigo de opinião, a visão do autor não necessariamente representa a linha editorial do jornal.