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Aristóteles Cardona

Mais proteção para as mulheres: novo teste no SUS pode salvar milhares de vidas

Aristóteles Cardona é médico de família no sertão pernambucano e professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco
O novo teste tem tudo para diminuir a quantidade de casos graves e salvar milhares de vidas

O câncer do colo do útero ainda é uma das principais causas de morte por câncer entre mulheres no Brasil. E o que mais dói é saber que na maioria dos casos ele poderia ser evitado com um simples exame preventivo. Por isso, é uma ótima notícia saber que o SUS está começando a oferecer um novo teste, mais moderno e preciso, para rastrear essa doença.

Durante muitos anos, o principal método utilizado foi o exame de Papanicolau. Ele teve seu papel, sem dúvida. Mas também apresentou muitas limitações. Nem sempre o resultado era claro. Em alguns casos, a mulher precisava repetir o exame várias vezes. E, infelizmente, muitas acabavam sem acesso ou com diagnóstico tardio.

O novo teste, chamado de teste molecular, é mais sensível. Ele detecta diretamente a presença do vírus HPV, principal causador do câncer do colo do útero. Isso significa que ele consegue identificar os riscos antes mesmo que o problema se instale. E mais: como é mais confiável, pode ser feito com menos frequência e, em muitos casos, até com uma amostra coletada pela própria mulher, sem a necessidade de passar por exame ginecológico.

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Essa nova estratégia será voltada para mulheres e pessoas com útero entre 25 e 64 anos. O exame deverá ser repetido a cada cinco anos. A incorporação será gradual, com os municípios adotando o novo teste aos poucos, conforme planejamento e capacidade de implementação. Isso permitirá reorganizar os serviços, capacitar profissionais e garantir que a novidade chegue de forma segura e efetiva em todo o país.

Essa mudança representa um avanço enorme para a saúde das mulheres. Com mais precisão, mais conforto e mais acesso, o novo teste tem tudo para diminuir a quantidade de casos graves e salvar milhares de vidas nos próximos anos.

Mas para que isso aconteça de verdade, é preciso que a informação chegue até quem mais precisa. É preciso que mulheres de todas as idades saibam que essa proteção existe, que os profissionais estejam preparados e que o sistema funcione de forma justa, para que ninguém fique para trás.

Prevenir o câncer do colo do útero é possível. E agora, com essa nova ferramenta, fica ainda mais ao nosso alcance.

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