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Bruno Pedralva é médico do SUS e vereador em Belo Horizonte pelo PT.

Cuidar de BH não pode ser um risco para os trabalhadores

Presença da Guarda Municipal nos 152 postos de saúde reduziu em 21,71% a violência

O bárbaro assassinato do gari Laudemir de Souza chocou os belo-horizontinos e todo o país. Mas infelizmente, a violência contra os trabalhadores que arduamente atuam para manter a nossa cidade funcionando não é um caso isolado e nem um ponto fora da curva.

Diuturnamente, servidores públicos – sejam concursados ou terceirizados – são vítimas de violência em Belo Horizonte. Os trabalhadores da saúde, da educação e como Laudemir da limpeza urbana, entre tantas outras categorias, sofrem com a crescente escalada de agressões nos órgãos públicos. 

Recentemente, entrou em debate a retirada da presença fixa da Guarda Municipal dos 152 postos de saúde. Um assunto que muito nos preocupa e que, se concretizado, agravará ainda mais um cenário já crítico. Desde 2024, quando a segurança dos profissionais se tornou obrigatória nos centros de saúde e UPAs, o registro de casos de violência nessas unidades caiu 21,71% se comparado com o ano anterior.

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Cabe ressaltar que a obrigatoriedade da presença fixa da Guarda, foi uma decisão tomada pelo prefeito Fuad Noman, em caráter de urgência diante calamidade enfrentada. Uma medida que, como mostram os dados da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, surtiu efeito imediato e significativo. Não temos dúvida, portanto, que a retirada dessa garantia nos deixará novamente no mesmo cenário, senão pior.

Não podemos nos esquecer que quando falamos de servidores, estamos falando de pessoas, como eu e você. Seres humanos que diante de uma violência, muitas vezes vivenciam um trauma e precisam passar por um processo de reabilitação, se afastando do posto de trabalho. Essa realidade de violência também atinge os usuários dos serviços públicos, que perdem com a ausência dos profissionais afastados, mas também estão à mercê das mesmas agressões.

Este é um problema urgente, que devemos encarar de frente, pensar e propor soluções para trazer mais segurança para aqueles que no dia-a-dia constroem e cuidam da nossa cidade. Acreditamos que a solução para a situação passa por duas frentes: garantir mais investimentos para os serviços públicos – condizente com as demandas dos setores – e criar políticas de proteção, prevenção e acompanhamento.

Em diálogo com os trabalhadores da Limpeza Urbana, propusemos o Programa Municipal de Proteção e Valorização dos Coletores de Resíduos (PROGARI). A política, proposta no PL 4233/25, propõe ações concretas e imediatas, como a instalação de câmeras e de um botão de emergência nos caminhões de lixo, mas também cria políticas de acompanhamento permanente dos profissionais como um canal de denúncias para os casos de violência e a obrigatoriedade de acompanhamento profissional no setor jurídico e psicológico, custeados pela PBH.

Além disso, também colocamos em pauta dois projetos de lei: um que veta a nomeação de concursados que tenham ficha criminal por qualquer tipo de agressão contra servidores municipais da administração direta ou indireta e outro que institui o dia 11 de agosto como Dia Municipal do Gari, garantindo um dia de folga para os trabalhadores e principalmente um dia de suspensão do serviço para fazer memória à Laudemir e chamar atenção para a importância desses profissionais para o nosso cotidiano e a nossa saúde.

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É neste caminho que confiamos. De construção de políticas efetivas que protejam os trabalhadores que cuidam da nossa cidade e o povo belo-horizontino. De diálogo com a categoria para propor e construir ações efetivas de prevenção e enfrentamento à violência.

Bruno Pedralva é médico de família e comunidade no SUS e vereador em Belo Horizonte pelo PT

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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

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