Por Renan Santos
Sempre tive a sensação de que sou mais picado por mosquitos do que outras pessoas com quem convivo. Em uma ida à cachoeira, um final de semana no sítio ou uma trilha no parque, sempre sou mais premiado com aquela coceirinha chata. Será que isso é real, ou apenas uma falha na minha percepção?
Há inúmeros estudos científicos que buscam entender o que na gente é responsável pela atração dos insetos. E parece que o nosso cheiro é o principal culpado.
Mosquitos sentem cheiros por meio de suas antenas. Nós liberamos de nosso corpo odores, que para nós podem ser imperceptíveis, mas para eles são um grande sinal de que a comida está à mesa.
Os cientistas tentam identificar quais desses cheiros são os maiores responsáveis pela atração dos insetos. O que os estudos mais recentes sugerem é que gases do tipo ácidos carboxílicos, expelidos por nossa pele, são os principais responsáveis. Mas, por que algumas pessoas produzem mais ácidos carboxílicos do que outras?
Isso tem a ver com a comunidade de bactérias existente em cada organismo. São elas as responsáveis pela produção dessas substâncias. Assim, pessoas diferentes carregam bactérias diferentes em suas peles, o que faz com que tenhamos cheiros diferentes para os mosquitos. Por produzirmos mais ou menos ácidos carboxílicos.
E, a quantidade de ácidos carboxílicos produzidos pela pele parece ser algo geneticamente determinado. Portanto, minha maior atratividade para os mosquitos pode ser algo que herdei de meus pais.
Outros fatores, tais como tipo sanguíneo, existência de gravidez, temperatura corporal e consumo de certos alimentos e álcool parecem também interferir na forma como os mosquitos nos percebem. Portanto, provavelmente, é um conjunto de condições que cada indivíduo carrega que determina o quanto será picado ou não.
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Doenças transmitidas pela picada de insetos são a principal causa de morte de seres humanos ligada a espécies animais. Ou seja, os bichos que mais nos matam não são tubarões, aranhas ou cobras, e sim os mosquitos. Claro que não é o inseto em si o assassino, e sim os microrganismos que eles transmitem ao nos picarem, tais como vírus e bactérias.
Entender porque algumas pessoas atraem mais a atenção dos mosquitos do que outras pode nos ajudar a traçar melhores estratégias para nos protegermos. O que é importantíssimo em termos de saúde pública e prevenção às doenças.
Um abraço e até a próxima!
Renan Santos é professor de biologia da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais.
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Leia outros artigos de Renan Santos em sua coluna Com Ciência no Brasil de Fato.
