Ouça a Rádio BdF
A ONG Pachamama é um coletivo de sonhadores que caminham semeando e despertando consciências às maravilhas deste lar, a la Madre Tierra, Pachamama. Levam os ares latinos, originários como um tom de...ver mais

Somos filhas e filhos de Abya Yala

Há milhares de anos, no dia 1º de agosto, os antigos povos andinos, semeadores de milagres, vêm agradecendo a 'la Madre Vida' pelo presente desta existência

“Fuimos caminantes del amor
Y la palabra libertad
Clavada en nuestro corazón
Alimentaba nuestras horas
Era una manera de vivir
Una manera de esperar
Una manera de creer
Que no podía con las sombras”…
Manifiesto Opus II – Teresa Parodi

Esta música a escutei há alguns anos e quando tocou me levou a um espaço desconhecido por dentro, numa sensação de pertencer e lutar por algo que não sabia bem o que era. Quiçá foi a primeira porta para a militância, aquela porta íntima que acende um fogo que até então era uma pequenita brasa.

Por muito acreditei nas batalhas infinitas de ir contra dê e hoje percebo que não se trata disso, é um “encontrar-se” com o outro, uma maneira de viver que abre uma porta comum, fraternal para que então a frase “Unidade Popular” faça sentido e se desdobre.

Somos filhas e filhos de um continente que foi forjado pelos chamados “perdedores” que seguiram se encontrando com o outro… com Pachamama, com os seus de raça índia, mulata, mesclada, trabalhadora e simples.

A palavra “simples” nos desveste da visão grotesca e complicada da vida, tira os infinitos muros de distração e separação e nos dá o encontro com aquele que estende a mão e compartilha o pão e seus sonhos comuns de liberdade e assombro.

Somos um povo que está dando à luz uma corrente espiritual e social ligada à Pachamama e aos povos originários que têm sede da cultura da terra.

Esse pertencimento, esse aniquilar-se no outro, é, em meio a essa névoa mundial, uma ponte de coração a coração, e isso é Nación Pachamama, que nos ensina que não se pode ser inteiramente feliz se isso não estiver representado no outro… o outro, a grande palavra esquecida, presente em todos os movimentos e correntes libertadoras de Abya Yala.

Este caminho espiritual traz uma postura aos desafios globais, ele não é híbrido e desesperançado, há que ser feliz e fazer feliz aos outros, pois quando a alegria toca o coração, uno se desarma e se comunica, ou seja, encontra-se.

Durante o mês de julho, estaremos nos preparando para o momento mais importante do ano, o dia onde damos um respiro de pensar tanto em si mesmo para dedicar cada instante para agradecer à Mãe Vida ou como chamamos, Pachamama. 

Há milhares de anos, no dia 1º de agosto, os antigos povos andinos, esculpidores de pedras, semeadores de milagres, vêm agradecendo a “la Madre Vida” pelo presente desta existência.

A espada da resistência transitou de vila em vila, de cozinha em cozinha, de história em história, semeando o amor a Pachamama e transmitindo um jeito de ver, ser e se relacionar com a vida. Existimos muito antes da colônia e, mesmo após ela, mesmo sob a proibição de amar a terra, os povos seguiram mantendo a alma alegre e inocente como um legado que hoje recebemos e perpetuamos.

Em dias de chuva ou sol, de repressão ou liberdade, a devoção a Ela foi a mão condutora que cuidou da unidade popular e de nós, povo desta terra.

No dia 1º de agosto, une-te a este movimento e reúne um pequeno grupo para fazer uma oferenda a Ela, a nossa Pachamama. Ofereça flores, doces, sonhos e risadas, pois, em tempos de amargura, amar a vida é altamente revolucionário.

Quer saber mais? Nos acompanha pelo Instagram @nacionpachamama 

Traigo de esos días este ardor
Esta premura, este temblor
Esta alegría, esta pasión
Aunque han cambiado tantas cosas
Tengo para mí que hay muchos más
Que con la misma intensidad
Siguen poniéndose de pie
Sin importarles la derrota
Porque no hay cómo echarse atrás

* Ativistas da Nación Pachamama.

** Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

Veja mais