Ponhamo-nos nossos ponchos de estrelas, a camisa de humildade e aceitação, o traje azul de luz marinha para que brilhem os cavalinhos-marinhos.
Ponhamo-nos os fogos do irreprimível amor flamejante pela vida! A dançante gratidão por este belo planeta onde vivemos! Porque é devido, chegou o tempo de celebrar tomando a água clara de orvalho e embriagando-nos de vida, neste instante imenso, único, de honrar esta iniciação a ser humano, amante da Vida, da Terra.
Destampemos todas as alegrias reprimidas e busquemos a namorada, o namorado esquecido do coração e, em um selvagem rugido, soltemos para sempre nosso fervor a viver em intenso compromisso poético desde o coração ao hoje terrestre, à encarniçada raiz humana, mamífera estelar.
Hoje é o momento de compreender que somos consciência encarnada neste belo, sensual e magnífico mamífero sagrado, porém, não limitado por ele. A consciência segue sendo o Reino, o céu aberto que celebra o canto coral de benevolente amor à imensidade deste lar terrestre, verde-esmeralda, azul-marinho, estrelado, com ar celeste-clarinho, abençoado por nuvens, gaivotas, cotovias e pinguins.
Durante estes dias do belo ciclo de Pachamama, não deixes um dia de recordar e celebrar a imensidade da gentileza que esta Mãe Terra tem contigo, conosco, dando-nos albergue, comida, música, céu, beleza, amigos, comidinhas, bebidas deliciosas e tempo, espaço.
Se podes, joga-te debaixo de uma árvore e vê como uma folha da folhagem dança com a brisa, como a árvore da bem-aventurança. Desde a encarniçada raiz, sobrevive buscando água, a verdade viva, neste agora para ti, para nós todos, humanos, pássaros, flores, nuvens, umidade.

Tudo em uma santa dança, em que somos a consciência de Pachamama, que se vê e se ama através de nós, em percepção poética e benevolente. Deixa que tua respiração se abra e deixa-te respirar. A Pachamama, Mãe de tudo, te respira.
Quando os corações amadurecem,
eles caem como maçãs,
mas para cima…
em direção ao céu.
Aqui tudo é doce e sem forma
feito de maçãs,
maçãs doces e tenras
de teu coração maduro.
Sente esta milagrosa respiração, as abelhas o percebem, cada grão de milho o sente, cada fruta o sente, somos respirados.
É tão refrescante sair de si mesmo. Deixar que a vida flua em nós com naturalidade, baixando a velocidade, abandonados ao agora e confiando que depois deste alento chegará outro também, recém-nascido, este com seu fulgor recém-inaugurado.
Aqui, em amável aceitação, a Vida escreve isto para você, que lê porque a Vida lhe deu olhos e compreensão, permitindo que você saia da atrofia do coração humano, que é falível e pertence à Terra.
Há um vasto silêncio, há uma gozosa e incrível liberdade aqui. Uma dança em que a Vida respira em todos, deixando seu canto melodioso.
Chegamos desde a profunda obscuridade do individualismo, mas agora somos a celebração de ser os que, respirados pela Santa Terra, acariciamos a pele da utopia.
Isso ocorre porque o silêncio de 500 anos tem direito à beleza. E nós, andorinhas curadas, queremos existir neste dia florido quando se abrem as portas do digno mundo que chega pelo nosso consciente e devoto compromisso.
* Mestres Andinos
*Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.