Na última semana, o noticiário e as redes sociais foram tomados pelo verdadeiro circo que teve como palco o Senado Federal nas audiências da chamada CPI das Bets (apostas).
Nas cenas que viralizaram, vimos uma influenciadora digital multimilionária que ganha dinheiro promovendo sites de apostas e que, para prestar seu depoimento que seria televisionado, tentou parecer “gente como a gente” aparecendo com um moletom estampado com o rosto da filha.
A artimanha não colou, já que a influenciadora Virgínia Fonseca, em suas redes sociais, não tem vergonha de ostentar um estilo de vida luxuoso, com bolsas que chegam a valer R$ 250 mil – absolutamente fora de alcance dos seus mais de 50 milhões de seguidores.
Em seu depoimento à CPI, admitiu ter assinado um contrato em que ganharia mais dinheiro se conseguisse dobrar o lucro da empresa de apostas promovida – ou seja, ganharia uma “taxa extra” em cima das perdas dos apostadores na plataforma que divulgava.
De outro lado, fazendo Minas Gerais passar vergonha, o senador de extrema-direita Cleitinho (PL), que teria o dever defender os interesses da sociedade na epidemia de vício em apostas esportivas justamente questionando a depoente, usou seu cargo público e o espaço na tribuna para “tietar” a figura e pedir que gravasse um vídeo para sua família.
Pesquisa realizada em 2024 pelo Instituto Locomotiva apontou que oito em cada dez apostadores no Brasil pertencem às classes C, D e E e 86% estão endividados. Problemas ligados a vício, como sintomas de ansiedade e prejuízo nas relações pessoais atingem mais da metade dos apostadores.
Por mês, as chamadas bets drenam nada menos que R$20 bilhões do bolso dos brasileiros. Ou seja, a epidemia de apostas é um problema real que acomete a sociedade brasileira e que deve ser enfrentado com políticas públicas robustas e regulação eficaz.
Exemplo didático
Contudo, o show de horrores da CPI das Bets nos fornece um exemplo didático de como as elites econômicas e políticas, a exemplo de Virgínia Fonseca e do senador Cleitinho, não estão nem aí para os reais problemas do povo e só querem saber do próprio bolso e de “lacrar” nas redes sociais.
Ela também nos mostra que figuras como essas podem parecer “inocentes” e “divertidas” nas redes sociais, mas os estragos que causam na vida das pessoas são muito reais – e eles ganham muito dinheiro fazendo isso.
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