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Julgamento de golpistas interrompe ciclo de impunidade de militares no Brasil

Plano de golpe falhou e deixou muitas evidências

O julgamento que reflete a reparação de um trauma coletivo da sociedade brasileira.

A ditadura militar foi instaurada por um golpe em 1964, os generais permaneceram no poder por 21 anos. Cometeram crimes hediondos e a maioria de seus agentes saiu ilesa. Não houve julgamento para os militares envolvidos, nem qualquer reestruturação das corporações.

A anistia a torturadores teve duas consequências graves para a sociedade brasileira. Primeiro, uma ferida aberta na sociedade e em diversas famílias que tiveram entes desaparecidos e assassinados pelo Estado brasileiro. Segundo, o fato de as corporações militares carregarem em seu DNA uma essência golpista, que é transmitida até às novas gerações, as quais herdam a impunidade do histórico do golpe militar.

O capitão Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, personifica essa ânsia golpista pela construção de um Estado autoritário. Ele formou um governo repleto de militares que também são herdeiros da ditadura. Fizeram um governo desastroso, desmontaram políticas públicas no Brasil e contribuíram para a morte de mais de 700 mil brasileiros durante a pandemia de covid-19. O resultado desse desastre foi a derrota eleitoral do capitão para o presidente Lula, em 2022.

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Durante o processo eleitoral e na transição de governo, esses mesmos herdeiros da ditadura militar planejaram um golpe de Estado e a instauração de um governo autoritário, que incluía o assassinato do presidente Lula, do ministro do STF Alexandre de Moraes e do vice-presidente Geraldo Alckmin.

O plano falhou e deixou muitas evidências, vídeos, áudios, registros de reuniões e a elaboração de uma minuta de golpe.

No dia 2 de setembro iniciou a fase final do julgamento do ex-presidente, que juntamente com alguns generais de alta patente, está no banco dos réus, sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe Estado, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

Este momento é histórico. Estão no banco dos réus os herdeiros da ditadura militar que queriam acabar com o Estado democrático de direito. A condenação deles seria, de alguma forma, a justiça que não foi feita em 1985, no pós-ditadura.

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A possibilidade de romper com o ciclo de impunidade pode ser um caminho para curar as feridas da democracia brasileira, honrar os desaparecidos e mortos na ditadura, e fazer com que as corporações militares e as novas gerações respeitem a democracia brasileira, permitindo que construamos mudanças nas estruturas militares no Brasil.

Que a justiça seja feita, que a nossa democracia saia fortalecida e que estejamos no caminho da construção de um país soberano e mais justo. Anistiar os golpistas é garantir impunidade e deixar o caminho aberto para outras tentativas de golpe.

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