Enquanto houver desigualdade social, enquanto houver opressão, enquanto houver uma pessoa humana sem as condições básicas para viver com dignidade, há que se educar em Direitos Humanos.
Os direitos fundamentais da pessoa humana estão explicitados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada em 1948. Mas a existência do texto legal não significa, no cotidiano de todos os homens e mulheres, a garantia de que esses direitos serão respeitados. Em todos os espaços – privados e públicos, no mundo do trabalho, nas escolas, nas igrejas, na mídia… há que se lutar, continuamente, pela construção de uma cultura de respeito e promoção dos direitos humanos.
E, nesse sentido, é preciso afirmar: mais do que conhecer os textos legais, há que se educar as sensibilidades.
Esta é a tarefa à qual se dedica a Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos (ReBEDH) – uma organização da sociedade civil, criada em 1995, sem fins lucrativos, suprapartidária e supra religiosa, de articulação e cooperação entre pessoas, grupos, movimentos sociais, entidades e instituições da sociedade civil que atuam na Educação em Direitos Humanos.
Construir a igualdade, respeitando e valorizando a diversidade
Nas salas de aula, nas ruas, nos locais de trabalho, na mídia… enfim, em todos espaços e tempos das relações humanas estamos educando e sendo educadas e educados. Não há espaço para a neutralidade no fazer humano. Há que se optar por uma educação que contribua para a manutenção das desigualdades e das opressões ou por uma educação que contribua para a construção de uma sociedade igualitária quanto ao acesso ao trabalho e às condições de vida e diversa, quanto às manifestações culturais e étnicas, à religiosidade, à orientação sexual e identidade de gênero.
A Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos compreende que este processo educativo vai muito além dos espaços de educação formal, embora reconheça a importância de que também neles se dedique a educar em direitos humanos. Nesse sentido, é fundamental (re)conhecer o papel dos movimentos sociais e populares na construção de uma sociedade ancorada na justiça, no bem-estar social, na construção do bem viver!
Os desafios contemporâneos à Educação em Direitos Humanos
Importante ainda frisar que novas formas de educar (e educar em direitos humanos) vão sendo construídas ao longo do tempo. E que, em cada momento histórico, novas necessidades se impõem às lutas populares e aos processos educativos.
No século XXI, ocupar os espaços midiáticos, fomentar o debate, disputar as mentes e os corações na defesa dos direitos humanos é uma tarefa à qual precisamos nos dedicar. E este é o fundamento desta coluna quinzenal no Brasil de Fato que temos a alegria de assumir.
Nossa proposta é que aqui sejam publicados textos de diferentes autores e autoras, membros da Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos ou não. Uma coluna que seja marcada por nossas vozes, nossas cores, nossas lutas!
Como cantou Gonzaguinha, “a gente quer viver pleno direito / a gente quer viver todo respeito / a gente quer viver uma nação”. E acreditamos na importância do debate público e na sua contribuição para que, um dia (tomando de empréstimo os versos de Gilberto Gil), possamos virar “este mundo em festa, trabalho e pão”.
José Heleno Ferreira é doutor em Educação (PUC MG) e membro da Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos – Coordenação Minas Gerais. Email: [email protected]
— Este é um artigo de opinião, a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal