Neste mês de abril, marco da luta camponesa no Brasil, a Expressão Popular traz como destaque o livro Eu marcharei na tua luta: a vida de Elizabeth Teixeira, organizado por Lourdes Maria Bandeira, Neide Miele e Rosa Maria Godoy Silveira. A obra biográfica teve duas edições anteriores, publicadas pela UFPB (1997) e UDUEPB (2012), e volta a circular entre o público brasileiro pela Editora Expressão Popular em 2025 em virtude do aniversário de 100 anos desta ilustre companheira biografada.
Elizabeth Altina Teixeira (1925-), nascida em Sapé, na Paraíba, é um ícone da luta camponesa no Brasil. Companheira de João Pedro Teixeira, assumiu a liderança das Ligas Camponesas após o assassinato do marido, em 1962. Enfrentou intensa perseguição durante a ditadura, tendo sido obrigada a viver 17 anos na clandestinidade, no Rio Grande do Norte, afastada de seus filhos. Dedicou sua vida à organização dos trabalhadores rurais, ao trabalho no campo e à educação.
“Eu quero deixar este livro para esta juventude que está aí, para que ela tome conhecimento de um passado de luta, um passado que não é só meu, nem de João Pedro, nem do sofrimento de uma família, mas é o passado de um povo, é o passado de uma nação. Este livro não é somente a história da minha vida, da vida de Elizabeth Teixeira, ele é a história do homem do campo, é a história do professor e da professora, é a história do jovem e da criança, é a história da luta de um povo.” Elizabeth Teixeira, p. 208.
Fruto de diversas entrevistas orais, o livro preserva o estilo de fala de Elizabeth e atualiza informações dessa vida tão impressionante que inclusive já havia sido retratada por Eduardo Coutinho, em Cabra Marcado para Morrer.
“A memória é uma poderosa arma no enfrentamento político. Elisabeth Teixeira registrar seu depoimento é tirar as Ligas de um passado que as quiseram mortas, e torná-las vivas, alimentando a luta dos trabalhadores rurais de agora, a mostrar que a história é sempre produto de seu tempo e, por isso, também, uma arma perigosa contra todos aqueles que temem a força das massas trabalhadoras.” Rosa Maria Godoy Silveira, p.32.
Saiba mais
Museu: Memorial das Ligas e Lutas Camponesas
Desde 2006, o Povoado de Barra de Antas, em Sapé, Paraíba, conta com um memorial construído com o esforço coletivo de trabalhadores e militantes comprometidos com a preservação da história das lutas camponesas. O acervo pode ser acessado pelo site do MLLC e conta com dissertações, fotografias, livros, cartilhas, poemas, cânticos e uma compilação de artigos sobre o tema.
Cinema: “Cabra Marcado para Morrer”, de Eduardo Coutinho
Lançado apenas em 1984, trata-se de um documentário que retrata a trajetória de João Pedro Teixeira, líder das Ligas Camponesas assassinado em 1962, e de sua companheira, Elizabeth Teixeira. Inicialmente concebido como um filme de ficção, a produção foi interrompida pelo golpe civil-militar de 1964 e retomada anos depois, por meio das memórias de Elizabeth.
Curta: “Elizabeth”, de Alceu Castilho, LuisIndriunas e VanessaNicolav
Em homenagem aos 98 anos de Elizabeth Teixeira, o curta produzido conta com depoimentos de diversas épocas de Elizabeth, recuperando a história das Ligas Camponesas e da luta que protagonizou com o companheiro.
Portal de internet: De olho nos Ruralistas
Importante observatório sobre o agronegócio e as políticas ruralistas no Brasil, acompanha as principais notícias sobre o tema e organiza muito material de modo didático e acessível ao público em geral, incluindo um canal de Youtube com a produção audiovisual.
Literatura técnica: Questão Agrária no Brasil, A – V.4 – História e natureza das Ligas Camponesas: 1954-1964, organizado por João Pedro Stedile
Apesar de esgotado, o livro pode ser encontrado em bibliotecas e também na modalidade impressão sob demanda. Trata-se de uma coletânea com textos de Clodomir Santos de Morais, Bernardete W. Aued, Joseph A. Page e Vandeck Santiago que versam sobre diversos aspectos da história desta organização tão importante para a defesa da luta dos trabalhadores rurais.
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