Tenho dito em vários discursos ao longo da cidade: a Educação no Distrito Federal é o serviço público de maior alcance. São cerca de 500 mil estudantes matriculados na Secretaria de Educação. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal, o número médio de moradores por domicílio é de 2,85. Em uma conta matemática básica, podemos inferir que a Educação alcança diretamente cerca de 1,5 milhão de pessoas, praticamente metade da população do estado.
E ao profissional da Educação, cabem papéis muito além dos designados em contrato. Sim, é o professor quem ensina a matéria, mas também é o professor quem ensina cidadania, que identifica o aluno com transtornos para melhores oportunidades de aprendizado. É na escola que se percebe o aluno com sinais de deficiência alimentar, alunos que sofrem com bullying, assim como sinais de abusos em ambiente familiar. Tudo isso sem contar as atividades de coordenação e mais todo trabalho levado pra casa.
Batam palmas para eles, disse a grande Leci Brandão. Valorizem a educação, disseram e dirão todos os políticos em horário eleitoral.
Apesar da fundamental importância dessa categoria, os professores seguem com a pior remuneração entre as categorias de ensino superior. Salas superlotadas, escolas com parcos recursos para manutenção dos prédios, excesso de contratos temporários, ondas de violência contra escolas e profissionais da educação. São alguns dos problemas que motivaram a categoria a entrar em greve por melhores condições de trabalho.
Primeiramente, devo ressaltar que a greve é sempre a última alternativa. O Sindicato dos Professores buscou contato com a Secretaria de Economia e da Casa Civil ao longo de todo semestre para discutir o cumprimento do acordo anterior e apresentar proposta para debate. No entanto, não houve interesse do Governo do Distrito Federal em sentar com a categoria ou oferecer contraproposta.
E entendemos perfeitamente que a suspensão de um serviço tão abrangente se manifeste como adversidade para grande parcela da população. Mas acreditem, os transtornos são ainda maiores para a categoria. A reposição dos dias letivos é um comprometimento histórico e isso afeta diretamente o planejamento do ano letivo, bem como com o tempo de repouso dos profissionais.
A greve só acontece quando as condições se tornam inviáveis para o pleno desempenho das atividades. É a gota que transborda.
A greve é um direito histórico da classe trabalhadora. Para o fim dela, basta o Governo oferecer uma proposta que atenda aos interesses da categoria. Muito mais republicano do que buscar multas milionárias na justiça ou ameaçar corte do ponto. Existe margem fiscal mais do que suficiente para atender as demandas pedidas. A pauta dos professores é mais do que legítima e precisa do apoio de toda população.
Batam palmas para eles. Mas só isso não basta. A categoria exige respeito e reconhecimento.
A Educação não aguenta mais só ser uma prioridade de quatro em quatro anos. É preciso valorizar e oferecer ferramentas para que a Educação seja realizada por quem sabe fazer.
*Gabriel Magno é deputado distrital (PT-DF)
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha do editorial do jornal Brasil de Fato – DF.