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Vereadora, Presidenta da Comissão dos Direitos Humanos e 1° Adjunta da Procuradoria da Mulher na Câmara de Curitiba

No fim do dia, quem perde é a educação

E quem sabe do que a escola precisa são as pessoas que estão lá dentro todos os dias

20 mil pessoas mobilizadas desde às 8h da manhã, vindas de todo o estado. Professores, alunos, merendeiras, pais e familiares, diretores. A população e toda uma comunidade escolar lutando pelo direito à educação pública de qualidade. Uma luta gigante que de tão grande sofre tentativas de deslegitimação por discursos duvidosos de quem não tem compromisso com o povo.

As pessoas que saíram às ruas e ocuparam a Assembleia Legislativa do Paraná foram impedidas de exercer o seu direito e lutaram por isso. Mas a história que querem contar foi retirada de um único close, insuficiente para invalidar a luta. No dia 3 de junho, a casa do povo foi covardemente fechada para seus verdadeiros donos. Não eram um bando de baderneiros como uns e outros estão querendo pintar. Era a população mobilizada para mostrar ao governador que a ideia de terceirizar a escola é ruim, exceto para quem vai lucrar com isso.

Não importa o que andam dizendo nas redes sociais ou vídeos matematicamente editados pela Secretaria de Educação do Paraná, criminalizando os trabalhadores da educação e até a consciência crítica dos alunos. O fato é que esta semana testemunhamos o assassinato da educação. E quando isso acontece, todo mundo perde. Inclusive nosso futuro.

Quando ouvimos quem defende esse absurdo histórico, percebemos que tudo não passa de um jogo de interesses. Disseram que a terceirização vai aumentar a qualidade do colégio público, que agora a educação será como no Canadá. Agora os alunos poderão estudar em escola particular sem pagar nada. Mas essas tais vantagens que andam dizendo por aí não se sustentam.

"Ah, vai melhorar a gestão porque servidor público é tudo vagabundagem que não quer trabalhar? Só mandar pras empresas que sabem fazer dinheiro." Se essa ideia fosse mesmo uma boa ideia, de pensar toda uma escola só pelo aspecto financeiro, nem assim o programa se salvaria. Porque ele já nasceu falido, pois coloca um intermediário na operação. O governo estadual que hoje tem o dever constitucional de oferecer educação está comprando um intermediário para fazer isso, que com certeza ganhará sua fatia. Os liberais de plantão devem saber o que isso significa: mais uma margem de custo. É uma operação burra, uma escolha que nenhum gestor faria. Na verdade, um gestor faria sim. O modelo de terceirização ajuda o gestor a resolver uma operação secundária, mas um gestor não terceiriza sua atividade essencial. E se o governador Ratinho está terceirizando a educação, ele está dizendo que a educação pública para ele não é essencial. Mas ele está enganado.

O projeto é uma vergonha para nossa história. Os deputados votaram acuados, porque estavam todos escondidos atrás de telas bem longe do povo.

Educação é essencial, essencialíssima, e junto com a saúde e o respeito são as coisas mais importantes para a gente viver em sociedade. Educação é um direito e educação não é mercadoria. Portanto, não dá para tratar dela como se fosse. É necessário um outro olhar, para além do financeiro.

Se existe dinheiro para melhorar a qualidade da escola, por que o governador não manda esses recursos para quem sabe o que a escola precisa? E quem sabe do que a escola precisa são as pessoas que estão lá dentro todos os dias. Os alunos, professores. Merendeiras, a comunidade. Paga melhor os professores.

Mas não. O grande governador vai mandar dinheiro público para empresas administrativas que nem sabem o que é educação. Se o governador seguir essa lógica, ele não contrata um arquiteto para fazer uma casa. Contrata um contador, que sabe "tudo" de construção. Você moraria numa casa feita por um contador? Então por que querem que os alunos e professores achem vantagem em estudar numa escola administrada por um lobista?

O projeto passou e foi sancionado em menos de uma hora. Já virou lei. Mas isso não foi suficiente para o Rato, que agora quer prender a presidente da APP e está usando os cargos que possui dentro da Secretaria Estadual da Educação para assediar a comunidade escolar. Pressionando famílias a contrariarem a greve, criminalizando os professores que buscaram seus direitos constitucionais, ameaçando alunos com faltas e até impedimentos  à ajuda social.

Enquanto as ações de um governo autoritário liderado por um menino mimado em conchavo com quem não tem compromisso com o povo acontecem, a propaganda na TV paga com dinheiro público rola solta, vendendo o desmonte da educação como se fosse um sonho cor de rosa.

Mas o tempo dirá quem tem razão: se é a narrativa da "badernagem" ou toda uma classe de trabalhadores e alunos.


Para vereadora Giorgia Prates, o povo foi impedido na Alep de exercer o seu direito / Lucas Botelho

 

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