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Padilha morde a isca sobre desempenho do PT

Gleisi reage e diz que ministro precisa fazer as articulações no Congresso

Em toda eleição, uma das pautas favoritas da grande imprensa é anunciar a derrota eleitoral do PT. Nem bem saiu o mapa eleitoral e “especialistas torcedores” se apressam em dizer que “começou o fim”. Esta mesma previsão catastrófica, por exemplo, não é vista para tucanos ou até para outros partidos que desapareceram, como PFL/DEM. E sempre tem um petista que corrobora essa tese. Dessa vez foi o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. A presidente do PT Gleisi Hoffmann reagiu. E ambos estão podem estar certos.

Ao fazer em público a tão exigida “autocrítica”, Padilha caiu como um patinho na agenda dos adversários. Reconheceu os méritos do PT, mas disse que o partido está no Z4 da eleição municipal. A comparação se deve ao fato de PSD e MDB, o chamado centro, serem os partidos que mais elegeram prefeitos e em capitais. As siglas são seguidas por PP, União e PL.

Por outro lado, é errado dizer que o PT está no Z4. Com 252 prefeitos, o partido está no meio da tabela e, mantendo a alegoria, buscando classificação para a Sul-americana. Outro fato importante ignorado por Padilha e imprensa: o PT optou por abrir mão de candidaturas próprias em diversas cidades (uma crítica que sempre era feita à sigla) para apoiar aliados. Alguns perderam, como em Curitiba e São Paulo; outros venceram, como Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, e Eduardo Campos, em Recife. Logo, olhar só o resultado é ter um laudo míope do cenário eleitoral.

Gleisi reagiu à “gracinha” do correligionário e cobrou. “Padilha deveria focar nas articulações políticas do governo e de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados”. Ela completou dizendo que o partido se recupera da crise de 2016 e do enfrentamento da extrema direita, além da ampla coalizão. Essa foi a época em que derrubaram Dilma e tentaram “matar Lula politicamente”. 

“Uma estratégia [para 2024] de ampliar os nossos apoios. Nós não fizemos a mesma estratégia de 2020, que foi soltar candidaturas para defender Lula, nosso legado, defender o PT. A gente soltou, por exemplo, em termos de capitais, apenas 13 candidatos e outros 13 nós apoiamos outros partidos. Apoiamos aí, no Rio de Janeiro, Eduardo Paes, apoiamos, no Recife, João Campos, apoiamos, em Curitiba, também candidatura do PSD”, elencou Gleisi.

Se a avaliação de Gleisi é mais coesa neste momento, não deixa de ser crítico o fato de o PT estar no meio da tabela. Ainda mais com a máquina federal na mão e muito dinheiro do fundo eleitoral. Em 2024, foram R$ 619 milhões, segundo o TSE. Logo, com “orçamento de Flamengo”, a militância espera mais do que ficar comemorando escapar do rebaixamento.


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*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

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