Se o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Alexandre Curi (PSD) apenas ler em plenário o parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que suspende o direito de fala do deputado Renato Freitas (PT) por 30 dias, estará demonstrando que o que ele fala não se escreve. A simples leitura no dia 18 de agosto, sem discussão ou votação, atesta que o legislativo tem dois pesos e duas medidas.
E o caso é inédito e isolado! Desconheço outro parlamentar que teve suas prerrogativas suspensas pelo que fala ou pelo que defende. Ainda mais que a atitude de Renato Freitas foi dar voz a professores diante da privatização de escolas imposta pelo governador Ratinho Junior (PSD).
Ao mesmo tempo que pode punir Renato Freitas, Alexandre Curi nada fez com relação a admissão de culpa do ex-presidente Ademar Traiano que tramou rachadinha e fez um acordo com o Ministério Público do Paraná para devolver o dinheiro. Também se calou quando o deputado Ricardo Arruda (PSD) denunciou (tentando se proteger) que deputados faltaram a reuniões da CCJ e não foram punidos.
O presidente da Casa pode alegar que essas irregularidades não foram em sua gestão. Mas, sob sua batuta, dorme um pedido de afastamento do deputado Ricardo Arruda feito pela Ordem dos Advogados do Brasil do Paraná (OAB-PR) após abertura de investigação no Tribunal de Justiça do Paraná por corrupção.
Também não se tem notícia de suspensão do direito de falar contra deputados que atacam a honra da ministra Gleisi Hoffmann e da deputada Ana Júlia. Pelo contrário, na Alep, comandada por Alexandre Curi, há um pedido de investigação contra a deputada. Adivinhem, feito por Arruda.
A suspensão de Renato Freitas mostra que o racismo estrutural segue firme nas instituições do Paraná e que aqueles que têm a caneta para mudar essa situação seguem lenientes.