Já sabemos como essa história pode acabar, e não é um final feliz. Primeiro, o governo abandona o metrô. Para de investir, deixa a manutenção de lado, os problemas só aumentam. Aí aparece a “solução mágica”: privatizar. É a velha receita que, por aqui, já vimos ser aplicada na CEB e agora ronda o Metrô-DF.
Segundo dados oficiais, divulgados pelo SindMetrô-DF e confirmados pela Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana (CTMU), o governo Ibaneis é o que menos investiu no metrô nos últimos 10 anos. Comparado com a gestão passada, entre 2014 e 2018, o Governo do Distrito Federal (GDF) deixou de aplicar R$ 1,1 bilhão que estavam previstos no orçamento. Só em 2023, dos R$ 171 milhões autorizados para modernizar e ampliar, usaram apenas R$ 640 mil, menos de 1%. Em 2024, só comprometeram 10% do valor total.
O sucateamento não é falta de recursos, é uma escolha estratégica.
E mais, a expansão do metrô só anda porque o governo federal entrou com o dinheiro. O GDF não só não ajudou, como ainda dificultou o recebimento dessas verbas. Ou seja, se dependesse do governador, as obras ficariam paradas e o sistema só pioraria com falsas promessas que se arrastam há anos.
Já tivemos acidentes graves, incêndios e explosões que colocaram vidas em risco, e vão continuar acontecendo enquanto o GDF usar esses problemas para justificar a privatização e não assumir sua responsabilidade. Essas falhas, inclusive, têm relação direta com a privatização da CEB, que hoje fornece uma energia incapaz de sustentar o sistema de metrô que o Distrito Federal precisa. A rede elétrica limitada não suporta a demanda, mais uma prova de que privatização não é sinônimo de melhoria.
Bom, e o que vemos hoje? Trens parados, lotação excessiva, intervalos longos, estações abandonadas e falta de funcionários. Com apenas 1.205 trabalhadores ativos e o último concurso realizado em 2013, o metrô sofre com a carência de pessoal. Enquanto isso, a diretoria escolhida pelo governador pode receber um aumento de 35% e ainda cria novas diretorias com cargos comissionados, um verdadeiro “prêmio” pelo sucateamento do sistema.
A privatização é vendida como solução, mas a verdade é outra: metrôs como os de Santiago e Madrid, exemplos mundiais, são públicos. Em Londres, o prefeito é quem cuida do sistema. Onde privatizaram, não melhorou e a população continuou sofrendo.
Transporte público é um direito da população que garante o acesso a outros direitos, resguardados na Constituição. Mais que isso, é o sistema que faz a cidade girar, levando as pessoas ao trabalho, à escola, ao lazer, permitindo que vivam a cidade. Afinal, sem transporte, a cidade para.
Por isso, lutamos por um metrô público, gratuito e de qualidade. Denunciamos que o sucateamento faz parte de um plano de privatização do governo Ibaneis e que ainda vai nos custar muito caro, mas vai encontrar resistência se quiser se instaurar. Porque metrô bom não é o que dá lucro para empresa, é o que garante o direito à cidade para o povo!
:: Leia outros textos deste colunista aqui ::
*Max Maciel é deputado distrital pelo Psol-DF e presidente da Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana
** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha do editorial do jornal Brasil de Fato – DF.