Em meados dos anos 1980, estourava um movimento de greve que gerou paralisações históricas nas escolas da rede pública no Rio de Janeiro, tanto no município quanto no estado.
A escola pública daquela época tinha uma estrutura satisfatória para os professores e alunos. Fazíamos duas fartas refeições diárias, tínhamos competições esportivas e até aula de música. Porém, o salário dos professores mostrava que algo estava indo de mal a pior no campo da educação e os professores, é claro, resolveram fazer uma greve.
Eu me lembro da pressão que os pais faziam na porta do colégio pedindo que o professor aceitasse o que o governo estava dando, pois seus filhos não tinham com quem ficar em casa.
Já naquela época, eu pensava que os professores não tinham que se expor e que se alguém tinha que lutar por eles tinha que ser os pais dos alunos. “Enquanto o salário do professor não for resolvido os pais não deviam levar seus filhos para o colégio”, era assim que eu pensava.
O tempo passou e ao longo dos anos não foi só o salário do professor que foi ficando precário e sim todo o aparelho educacional. Hoje, 30 anos depois, os alunos estão nos dando uma aula de sabedoria, resistência e organização.
Eles estão lutando pelas futuras gerações fazendo ocupações nos colégios. Se a minha geração tivesse feito essa movimentação, tenho certeza que a de hoje não estaria lutando para ter (entre outras coisas) uma sala sem infiltrações para estudar.