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Esta coluna é mantida pelo Projeto Rondon, iniciativa de voluntariado universitário do Brasil que atua nas comunidades socialmente mais vulneráveis do país. O protagonismo da juventude universit...ver mais

Como foram as férias rondonistas?

Mais de 160 pessoas e 180 animais foram atendidos

Durante duas semanas no mês de julho, universitários da PUC Minas, Universo BH, UniBH, UEMG, FAMINAS, UNA e UFMG vestiram a camisa do Projeto Rondon Minas e trabalharam em São João das Missões e Montalvânia, cidades localizadas no norte do Estado.

O trabalho de campo contou com a parceria da regional norte da Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais do Ministério Público de Minas Gerais (CIMOS/MPMG), na pessoa do Promotor de Justiça Lucas Eduardo de Lara Ataíde das comarcas de Manga e Montalvânia, da prefeitura de São João das Missões e da educadora Elizamar Tatiane da Silva junto as escolas estaduais de Montalvânia.

A equipe em São João das Missões atuou com diagnóstico socioambiental e atendimento a partir da abordagem em saúde única nas aldeias do povo Xakriabá e o grupo em Montalvânia atuou com foco na área da educação, além do diagnóstico social do município.  

Nas aldeias e na cidade, estavam alunos dos cursos de enfermagem, medicina, medicina veterinária, odontologia, pedagogia e psicologia, coordenados pelo médico veterinário Lucas Belchior e o assistente social Tallison Huan. As ações em campo foram apoiadas pelas Secretarias de Saúde, Educação, Desenvolvimento Social e Meio Ambiente da prefeitura municipal.

As atividades com a população foram voltadas para o acolhimento em saúde humana; atendimento médico veterinário, mostra de profissões, roda de conversa com mulheres e jovens, oficinas em educação em saúde e meio ambiente e visitas aos catadores de materiais reciclados da cidade.

O trabalho nas escolas de Montalvânia contou com os estudantes dos cursos de economia, enfermagem, medicina, odontologia, pedagogia e psicologia, coordenados por Luana Leal, Denise Valadares e Antônio Quadros. As ações nas escolas trabalharam sobre higiene pessoal e autocuidado, empreendedorismo, geração de renda para juventude, primeiros socorros e técnicas de segurança pessoal, inteligência artificial, educação e inclusão, e sobre profissões e o ENEM.

Para Elizamar Tatiana, educadora em Montalvânia, “o Projeto Rondon Minas levou uma equipe incrível para Montalvânia! Foi um verdadeiro sucesso em nossa cidade. Uma experiência inesquecível, tanto para os alunos quanto para toda a comunidade”, afirma. E conclui, “que ele continue se expandindo, alcançando cada vez mais cidades e transformando vidas”.

Empreendedorismo

Uma ação de destaque em Montalvânia foi a oficina de empreendedorismo voltadas aos estudantes do ensino médio. A proposta teve como objetivo despertar nos jovens a capacidade criativa, o protagonismo e a visão de futuro, especialmente entre aqueles que, até então, não vislumbravam possibilidades concretas de inserção acadêmica ou profissional.

Nas oficinas, os alunos foram desafiados a simular a criação de empresas, desenvolvendo produtos, identidade visual, estratégias de venda e apresentações para investidores simulados. Os projetos mais bem elaborados foram destacados ao final da atividade. A partir desse exercício prático, surgiram ideias de negócios profundamente conectadas às necessidades reais da região, como empresas de serviços elétricos, lojas de aparelhos celulares, lanchonetes temáticas, restaurantes e estabelecimentos voltados à moda, estética e até mesmo ao setor funerário.

O projeto Rondon Minas, ao promover ações como essa, cumpre um papel essencial: estimular o desenvolvimento humano e regional por meio da educação, da valorização das potencialidades locais e do fortalecimento da cidadania jovem. Em Montalvânia, vimos de perto como a oportunidade de aprender, criar e ser ouvido pode transformar trajetórias individuais e coletivas.

É por meio de iniciativas como esta que se constrói um futuro mais promissor, justo e sustentável para os municípios do interior do Brasil.

São João das Missões

Uma ação exitosa em São João das Missões foram os momentos de acolhimento da população através dos dias ‘D”. Durante esses dias de atendimento em locais específicos do município e das aldeias, a população possui acesso a diferentes intervenções que focam na integração da saúde humana, animal e ambiental como um pilar da saúde coletiva.

As atividades foram realizadas nas aldeias Rancharia, Brejo Mata Fome, Itacarambizinho e Riacho dos Buritis. Foram realizadas atividades práticas e de acolhimento de crianças, jovens, e, adultos, assim como dos profissionais das áreas de saúde e educação. Além disso, o atendimento médico veterinário foi disponibilizado como parte das atividades. Com essas atividades, mais de 160 pessoas foram acolhidas ao longo dos 12 dias de campo, e, aproximadamente 180 animais foram atendidos.

Segundo Jéssica Lorrani, acadêmica do curso de Odontologia do Centro Universitário Universo BH, que participou como extensionsita na equipe de São João das Missões, a participação das atividades permitiu uma troca de experiências única fora do ambiente acadêmico:

“Participei como extensionista do Projeto Rondon, uma experiência que marcou profundamente minha trajetória acadêmica e pessoal. Sou estudante de Odontologia e, ao longo dessa vivência, tive a oportunidade de trabalhar em conjunto com meu coordenador e colegas de equipe, em um ambiente de cooperação, aprendizado e troca de experiências que gerou amizades e conexões muito valiosas. Minhas expectativas foram não apenas atendidas, mas superadas. Encontrei no projeto um espaço para desenvolver habilidades além da sala de aula, ampliando meu olhar para além da Odontologia, compreendendo as realidades locais e aprendendo com cada pessoa que conheci. O Projeto Rondon me ensinou que ser profissional da saúde vai além da técnica: é saber acolher, compreender e estar presente. Essa experiência foi transformadora e reforçou ainda mais minha paixão por ser parte de projetos que unem conhecimento acadêmico e impacto social”.

Essas experiências de extensão universitária no Projeto Rondon servem a troca de saberes entre alunos, os profissionais e os moradores. E ao aprendizado acadêmico dos universitários que tem a possibilidade de vivenciar, na prática e durante a realização de seu curso de graduação, as dificuldades e as potencialidades das políticas públicas locais, além de se sensibilizar para as transformações que a sua profissão pode empreender na sociedade.

Férias boas é assim, no Projeto Rondon Minas!

Lucas Belchior é médico veterinário e conselheiro fiscal do Projeto Rondon Minas; Luana Leal é estudante de pedagogia da UEMG e associada do Projeto Rondon Minas; Antônio Quadros é estudante de economia da PUC Minas e tesoureiro do Projeto Rondon Minas; Denise Valadares é estudante de psicologia e associada & Mônica Abranches é assistente social e presidente do Projeto Rondon Minas.

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Este é um artigo de opinião, a visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.

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