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Censo 2022 revela aumento de quase 20% na população da Região Metropolitana de Maringá

Com 26 municípios, Região Metropolitana de Maringá passou de 716.918 para 851.829 habitantes

Por Antonio Rafael Marchezan Ferreira*
Celene Tonella**
Milena Cristina Belançon***

Mudanças importantes na Região Metropolitana de Maringá (RMM) ocorreram nos últimos 12 anos. É o que apontam os primeiros resultados do Censo 2022, compreendendo dados sobre população e domicílios.

Maringá é o polo da Região Metropolitana de Maringá, institucionalizada pela Lei Complementar nº 83/1998, totalizando 26 municípios atualmente. É a terceira mais populosa cidade do estado do Paraná e, do mesmo modo, a terceira Região Metropolitana com mais habitantes.

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Figura 1 – Crescimento e decrescimento populacional na Região Metropolitana de Maringá / IBGE – Censo Demográfico (2023). Elaboração: Núcleo Maringá do Observatório das Metrópoles, 2023.

Segundo a última edição do Censo, a população dos 26 municípios passou de 716.918 para 851.829, significando um aumento de 18,8% em relação à penúltima edição, de 2010. Dessa forma, a RMM responde por 7,4% da população do Paraná. Destacam-se na região os crescimentos de Floresta (76,33%), Mandaguaçu (59,03%), Sarandi (42,98%), Marialva (30,95%) e Paiçandu (27,9%).

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Todos, municípios limítrofes de Maringá. O motivo principal desse crescimento está na força centrípeta que o município-polo exerce em termos de investimentos, ofertas de serviços e oportunidades de estudo e trabalho. Acrescenta-se o fato de haver pouco estoque de moradias e preços elevados das existentes. A tendência é a procura por imóveis no entorno. Maringá, em doze anos, teve aumento populacional menor, de 14,73%, saltando de 357.077 para 409.657 pessoas. 


Tabela 1 – Crescimento populacional dos Municípios da Região Metropolitana de Maringá (2010-2022) / Fonte: IBGE – Censo Demográfico (2023). Elaboração: Núcleo Maringá do Observatório das Metrópoles, 2023

Outro fator a ser destacado são os municípios da RMM que diminuíram: Floraí, Ivatuba, Nova Esperança, Ourizona, Presidente Castelo Branco e São Jorge do Ivaí. Dentre os seis municípios que tiveram a população diminuída entre 2010 e 2020, apenas Nova Esperança classifica-se na classe de “Pequeno Porte II”, sendo todos os demais “Pequeno Porte I”. Nestes, destaca-se Ivatuba, com o maior índice de decrescimento (10,03%), apresentando, em 2022, apenas 2.708 munícipes. 

Ainda segundo o Censo 2022, 48,1% da população da RMM concentra-se no município-polo, Maringá. Além disso, apesar do alto número de municípios compondo a RMM, vale informar que a maior parte deles (17) está classificado como município de Pequeno Porte I, ou seja, possuem menos de 20.000 habitantes; outros sete municípios são de Pequeno Porte II (de 20.001 até 50.000 habitantes); e apenas dois são considerados de Grande Porte (acima de 100.000 habitantes). Dessa forma, o município que apresentou o maior crescimento relativo da RMM (Floresta, com 76,33%), quando comparado ao incremento relativo à região, apresenta responsabilidade sob apenas 3,36% do montante.

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Nove municípios do Arranjo Populacional (AP) concentram 79% da população da RMM

O IBGE opera também com o conceito de Arranjo Populacional (AP). Ou seja, o agrupamento de dois ou mais municípios onde há uma forte integração populacional, em razão dos movimentos pendulares para trabalho ou estudo, ou devido à contiguidade entre as manchas urbanizadas principais. Nesse sentido, Maringá compõe um AP que abriga outros nove municípios, sendo eles: Floresta, Iguaraçu, Itambé, Mandaguaçu, Marialva, Ourizona, Paiçandu, Presidente Castelo Branco e Sarandi. Dessa forma, os municípios do AP concentram 79% da população da RMM e absorveram 93% do total da população acrescida no período.


Figura 2 – Arranjo Populacional (AP) inserido na Região Metropolitana de Maringá / Fonte: IBGE – Censo Demográfico (2023). Elaboração: Núcleo Maringá do Observatório das Metrópoles, 2023

Nos intervalos de Censo, o IBGE promove estudos para estimar a população. Dado este que é utilizado para uma série de indicadores. Comparando a população estimada de 2021 e o Censo de 2022 nota-se que a RMM teve 12.639 habitantes a mais do que o esperado. Porém, alguns municípios, mesmo com crescimento positivo, apontaram uma realidade aquém do esperado. É o caso, por exemplo, da cidade polo. A população projetada pelo IBGE em 2021 para o município de Maringá, apresentava 26.815 pessoas a mais do que o encontrado pelo Censo 2022, ou seja, a realidade para o município polo foi 6,5% menor do que o esperado.

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Tabela 2 – Comparação entre população estimada em 2021 e no Censo 2022 dos municípios da Região Metropolitana de Maringá / Fonte: IBGE – Censo Demográfico (2023). Elaboração: Núcleo Maringá do Observatório das Metrópoles, 2023

Já outros municípios da RMM tiveram a expectativa de crescimento menor do que a realidade. Dentre estes, as diferenças mais significativas foram encontradas em Floresta, Mandaguaçu, Marialva, Paiçandu e Sarandi. A partir da divulgação oficial do Censo 2022, portanto, estes municípios avançaram de coeficiente nos cálculos do Tribunal de Contas da União (TCU) e recebem, a partir do dia 6 de julho de 2023, um percentual maior do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Cabe pontuar, também, que as diferenças encontradas entre a população estimada e a pesquisa censitária devem impactar em outros indicadores muito importantes para os municípios. Por exemplo, o PIB per capita, uma vez que a última edição publicada pelo IBGE traz dados de 2020 e, portanto, usou nos cálculos a população estimada e não a censitária.

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Expansão da atividade imobiliária como uma hipótese para o crescimento populacional

A distribuição das atividades econômicas pode ser um forte condicionante da expansão do crescimento na RMM. Porém, a expansão da atividade imobiliária, inclusive durante a execução do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), deve ser considerada um componente importante para explicar esse incremento. Os municípios do entorno de Maringá foram as que mais cresceram, sendo o indicativo do aspecto excludente da cidade, cujos preços de imóveis e de custo de vida de maneira geral, empurram a população trabalhadora para seu entorno. A cidade polo se beneficia do movimento pendular de pessoas que habitam nestes municípios e trabalham, estudam, e nela consomem.

As próximas divulgações sobre o Censo 2022 podem trazer maiores indícios para entender o crescimento além do esperado em municípios da RMM, e, também, medir os impactos deste fenômeno. É possível que municípios como Floresta, que mais que dobraram sua população, possam sofrer com problemas de falta de estrutura para atender a população.

 

*Antonio Rafael Marchezan Ferreira é professor do Curso de Graduação em Direito, no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas, ambos da UEM. Coordenador do INCT Observatório das Metrópoles Núcleo Maringá.

**Celene Tonella é professora da Pós-Graduação em Ciências Sociais e da Pós-Graduação em Políticas Públicas da UEM. Vice-coordenadora do INCT Observatório das Metrópoles Núcleo Maringá.

***Milena Cristina Belançon é mestra em Ciências Sociais, Bolsista de Extensão no País do CNPq e pesquisadora do INCT Observatório das Metrópoles Núcleo Maringá.

****Este é um texto de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

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