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Rosa Amorim

PIX, INSS e a máquina de mentiras da extrema-direita

Rosa Amorim é deputada estadual pelo PT em Pernambuco. Crescida nas fileiras do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST),...
“Nikolas tenta culpar Lula, mas os desvios começaram no governo Bolsonaro, que acobertou a fraude”

Se você acompanha a política no Brasil, deve saber que há dias as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) estão nas manchetes dos noticiários e nas redes sociais. Mas se você não acompanha, vou te explicar muito rapidamente: a Operação sem Desconto, realizada pela Polícia Federal (PF) com a Controladoria Geral da União (CGU), revelou um esquema nacional de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões.

A fraude é que os aposentados e pensionistas tinham descontos e cobranças indevidas em seus contracheques. A investigação indica que associações e entidades realizavam os cadastros de aposentados sem autorização, com assinaturas falsas, para descontar os valores dos benefícios e embolsá-los.

O caso é grave – e muito! Precisa ser investigado com seriedade, responsabilidade e – mais importante – todas as vítimas precisam ser ressarcidas.

Acontece que a extrema-direita viu no caso do INSS uma oportunidade de criar um caos generalizado sobre o tema, desinformar e tentar criar uma onda de desaprovação contra o governo, assim como no caso da falsa taxação do Pix, quando o bolsonarismo criou mentiras sobre o tema que viralizaram e abalaram a confiança da população no governo.

A fórmula é simples. Um exemplo disso são os vídeos do deputado federal Nikolas Ferreira (PL). Falando diretamente para as câmeras com um fundo preto e recortes de jornais na tela, ele mistura fatos e mentiras e cria uma narrativa para afirmar que esse seria “o maior escândalo de corrupção do governo”, tentando, a todo custo, jogar as fraudes na responsabilidade do presidente Lula. Ele até fala de um “irmão do Lula” e “filho do ministro Lewandowski”, mas nenhum dos dois é sequer citado no processo.

A primeira mentira é sobre os valores da fraude: eles dizem que foram R$ 90 bilhões desviados, o que é mentira. Esse foi o valor total de empréstimos feitos por aposentados em 2023. O que a CGU aponta é que R$ 6,3 bilhões foi o total do valor arrecadado por esse tipo de convênio entre os anos de 2019 e 2024, que é o período sob investigação. O que se investiga é quanto desses R$ 6,3 bilhões foram arrecadados através de fraudes.

Nikolas tenta colocar a culpa do escândalo no governo Lula, mas esquece que o desvio de valores começou em 2019, no governo Bolsonaro. Pior que isso: o governo Bolsonaro acobertou a fraude. Em setembro de 2020, na gestão de Bolsonaro, um servidor do INSS denunciou os desvios, mas ele chegou a receber ameaças de morte justamente enquanto se fazia uma auditoria nos Acordos de Cooperação Técnica com as entidades que hoje sabemos ser fraudulentas. A PF abriu uma investigação e sabe o que aconteceu com essa denúncia? Nada. Terminou sem nenhum indiciamento.

Já em 2022, Bolsonaro sancionou uma medida, aprovada pelo Congresso, acabando com uma ação que fortalecia o controle sobre os descontos em benefícios do INSS. O Inelegível poderia inclusive apresentar vetos ao texto, mas decidiu aprovar o conteúdo como estava. Assim, o que deveria ser uma revalidação anual que poderia ajudar a identificar fraudes, se tornou uma verificação a cada três anos, o que provavelmente atrasou a identificação das irregularidades. Todo mundo sabe que isso começou no governo Bolsonaro e agora todo mundo deve saber que vai acabar com o governo Lula.

O escândalo não é “do INSS”, mas “no INSS”. Não foi o Instituto que operou e lucrou com as fraudes, mas foi vítima da fraude, assim como os aposentados e pensionistas. Ao contrário do que diz o bolsonarismo, o governo Lula está agindo com respostas firmes. Foram bloqueados imediatamente todos os descontos e acordos com as entidades para que seja feita uma reavaliação. Já foram bloqueados R$ 2,65 bilhões para garantir que as vítimas sejam ressarcidas. A Advocacia-Geral da União (AGU) já processou 12 associações suspeitas de fraudes.

A extrema-direita quer colocar a população contra o governo, dizendo que quem irá pagar pelo ressarcimentos dos valores somos nós, o povo – e isso também é mentira. Os valores virão das associações que operaram a fraude e já estão com seus bens bloqueados para garantir os pagamentos. O governo vem atuando com celeridade e os aposentados e pensionistas já podem contestar os descontos indevidos e pedir a devolução do valor pelo aplicativo Meu INSS.

Diante dos fatos e diante das mentiras espalhadas pelo bolsonarismo, o objetivo é um só: investigar e punir os responsáveis por essa perversidade contra quem trabalhou por décadas e que só queria descansar com acesso ao benefício pelo qual contribuiu a vida inteira.

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