Ouça a Rádio BdF
Deputado estadual constituinte do Rio Grande do Sul (1987-1990); Participante da Ciranda pelo CEAAL Brasil, CAMP e Articula PNEPS-SUS.

Unidade, unidade, unidade!

O Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores tem papel fundamental na conjuntura

Final de 1979, início de 1980. As lideranças comunitárias da Lomba do Pinheiro, periferia dos municípios de Porto Alegre e Viamão, reúnem-se na vila Santa Helena, parada 12: em meio à ditadura militar, conversar sobre o momento político brasileiro e sobre a reformulação partidária que estava sendo anunciada, com a possibilidade de criar novos partidos políticos, em meio a grandes mobilizações sociais pela redemocratização do Brasil.

Qual era o centro das conversas? “Se estamos na luta comunitária por melhorias na vida do povo da Lomba, especialmente, educação, saúde, transporte público, abastecimento de água, regularização fundiária, participando das greves e da Oposição Sindical da construção civil, e sem poder eleger diretamente prefeitos, governadores e presidente da República, muitas vitoriosas, precisamos entrar no campo político-partidário, discutir mais profundamente os rumos do Brasil, propor projetos mais amplos de sociedade, e eleger representantes diretos para os diferentes espaços públicos, em especial governos municipais e parlamento.”

Por unanimidade dos participantes, houve a adesão ao então nascente Partido das Trabalhadoras e Trabalhadores (PT) sob a liderança, em especial de Lula e Olívio Dutra, nas greves dos bancários e dos metalúrgicos do ABC, apoiados diretamente na Lomba do Pinheiro.

Não se sabia à época de eventuais diferenças internas entre os fundadores do PT, que apareceram mais concretamente nas eleições de 1982, a primeira do PT, quando diferentes candidaturas apareceram com diversos apoios. No caso da Lomba, por unanimidade, Selvino Heck a deputado estadual, mais votado e não eleito porque o partido não atingiu o quociente eleitoral mínimo, Seu Zé da Lomba e Mário Declerque, trabalhadores da construção civil, candidatos a prefeito e vice de Viamão, Adão Lemos Alves a vereador, Ana Godói, candidata a vereadora da Lomba por Porto Alegre, todos por unanimidade. Foi a estréia eleitoral do PT, recém fundado, vitoriosa ao longo do tempo.

Anos depois, ante as diferenças internas, foi necessário regulamentar as tendências internas, para que todas e todos pudessem expressar suas opiniões e posições. Mas nunca sem deixar de manter a unidade nos momentos chave, feitos os debates e terminadas os embates internos e eleitos prefeitos, deputados e vereadores.

É, e continua sendo, um grande e positivo diferencial do PT: o respeito às diferenças e posições, com unidade total quando necessário.

É o que acontece de novo em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul em 2025, depois de realizado o debate interno no Processo de Eleições Internas (PED), quando diferentes chapas e candidatos a presidente se apresentaram em diferentes níveis, com amplo processo democrático, e que levou milhares de filiados e filiadas a participarem do processo eleitoral interno.

Feito o debate interno, estava previsto segundo turno para eleição a presidente do PT no Estado e em Porto Alegre. Os candidatos, Valdeci Oliveira e Sofia Cavedon, em plano estadual, Helenir Schürer e Rodrigo Dilelio na capital, resolveram fazer um acordo em torno da unidade. Resolveram dividir o tempo de seus mandatos e não fazer a disputa, que estava prevista para 27 de julho.

Unidade, unidade, unidade, nestes tempos tão difíceis no Brasil e no mundo. É o que se precisa neste momento histórico. Essa mesma unidade é fundamental, senão decisiva no campo democrático-popular e da esquerda, para enfrentar, não apenas as eleições de 2026, mas o império americano, a crise climática, e garantir a paz e a democracia.

O Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores tem papel fundamental na conjuntura. Não só porque está no governo federal. Os tempos atuais exigem juntar ética e política, mística e política, ser mais movimento, menos instituição, organizar o Plebiscito Popular, preparar a COP 30, cuidar da Casa Comum, lutar pelos direitos das trabalhadoras e trabalhadores, pela paz e pela democracia, construir uma sociedade do Bem Viver.  

*Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

Veja mais