Ouça a Rádio BdF
Deputado estadual constituinte do Rio Grande do Sul (1987-1990); Participante da Ciranda pelo CEAAL Brasil, CAMP e Articula PNEPS-SUS.

Economia popular e solidária: programa de formação Paul Singer

Os agentes de Economia Popular e Solidária atuarão nos territórios como ponte entre as comunidades e as políticas públicas voltadas à economia solidária

Paulo Freire escreveu: “Ela, Ecosol, Economia Popular e Solidária, representa algo novo e esperançoso para o futuro da educação e para uma nova ordem econômica mundial. Considerando-se que a partir de uma nova prática econômica teremos que elaborar uma teoria do conhecimento que fundamente e fortaleça uma vida melhor para os setores populares.”

Paul Singer escreveu, no prefácio do livro Economia Solidária como Práxis Pedagógica, de Moacir Gadotti: “A ligação umbilical da educação popular com a economia solidária se deve ao fato de que esta se deve apoiar em novos valores que, aplicados a atividades econômicas, exigem a invenção de novas práticas que cabe à educação popular difundir entre aqueles que a realidade dinâmica do capitalismo exclui do espaço econômico que domina.”

Por isso, nas palavras de Paulo Singer: “A educação, que é essencial para o avanço da economia solidária só pode ser aquela que começa por negar que os papéis de educador e educando sejam desempenhados sempre pelas mesmas pessoas. ´Quem ensina aprende a ensinar e quem aprende ensina ao aprender`, dizia Paulo Freire. O que permite concluir que, se esta pedagogia fosse aplicada nas escolas em todos os níveis de ensino, do jardim de infância à pós-graduação, teríamos uma nova geração muito mais propensa a se engajar numa economia solidária, como modo de vida congruente com a sua vivência escolar. Este ainda é um sonho de poucos, que tendem a se multiplicar”. (Selvino Heck, História da Educação Popular, em Educação Popular e Economia Solidária, Centro de Assessoria Multiprofissional (CAMP), 2017).

O Programa de Formação Paul Singer – Agentes de Economia Popular e Solidária, sob liderança da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), e Secretário Gilberto Carvalho, está, pois, em muito boa companhia, com participação de 400 agentes solidários em todo Brasil, 40 no Rio Grande do Sul, escolhidos sob seleção. Sua tarefa é apoiar as boas práticas das comunidades e implementar as políticas de Ecosol nas periferias, com a participação de movimentos populares, pastorais sociais, ONGs.

O que é o programa? “O Programa de Formação Paul Singer é coordenado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio da Secretaria Nacional de Economia Popular e Solidária (SENAES), em parceria com a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO). Lançado em 2024, o Programa tem como missão fortalecer a Economia Popular e Solidária (EPS) no país. Para isso, foram selecionados agentes diretamente nos territórios, apoiando e promovendo os empreendimentos de EPS.

Quais são os objetivos do Programa? “1. Mobilizar a sociedade civil, instituições públicas e movimentos sociais para implementação da Lei nº 15.068/24, que instituiu a Lei da Política nacional de Economia Solidária e o Sistema nacional de Economia Solidária. 2. Promover, fortalecer e expandir a EPS por meio de processos de formação e ações territoriais. 3. Fomentar o trabalho digno, solidário, seguro e saudável. 4. Contribuir para ampliar a capacidade organizativa e produtiva dos empreendimentos e coletivos de EPS nos territórios.”

Os agentes de Economia Popular e Solidária atuarão nos territórios como ponte entre as comunidades e as políticas públicas voltadas à economia solidária, com as tarefas e compromissos de: 1. Identificar e apoiar os empreendimentos solidários. 2. Fazer a leitura das realidades regionais, mapeando suas dificuldades, vocação produtiva e saberes locais. 3. Incentivar a organização dos trabalhadores e trabalhadoras e a autogestão dos empreendimentos por meio da EPS. 4. Estimular a participação social e o fortalecimento de redes locais. 5. Facilitar o acesso à tecnologia, à formação cidadã e à qualificação social. 6. Fazer parcerias com movimentos sociais e gestores.

Paulo Freire e Paul Singer estão, portanto, juntos. E continuam juntos, como estiveram a vida inteira, nestes tão complexos tempos pelos quais passa o Brasil hoje. Assim, o Programa de Formação Paul Singer reúne, articula e põe em ação a educação popular e a economia popular e solidária, ao mesmo tempo. Uma economia feita pelas trabalhadoras e trabalhadores para as trabalhadoras e trabalhadores, uma economia das oprimidas e dos oprimidos dos tempos atuais, com dignidade, com responsabilidades comuns, com repartição igual dos bens e alimentos produzidos na garantia de direitos para os mais pobres entres os pobres, dando-lhes vez e voz, e fortalecendo a paz, a soberania e a democracia.

Nada melhor para esperançar, para manter vivos o sonho e a utopia, e caminhar, ‘ninguém soltando a mão de ninguém’, para uma sociedade do Bem Viver.

Paulo Freire vive! Paul Singer vive!

*Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

Veja mais