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Deputado estadual constituinte do Rio Grande do Sul (1987-1990); Participante da Ciranda pelo CEAAL Brasil, CAMP e Articula PNEPS-SUS.

CEAAL: educação popular no Brasil, América Latina e Caribe. Paulo Freire vive!

Os tempos estão difíceis? Estão. Mas há muitos e positivos sinais de esperança

Os tempos estão difíceis? Estão. Mas há muitos e positivos sinais de esperança.

O Conselho de Educação Popular da América Latina e Caribe (CEAAL), do qual Paulo Freire foi o primeiro presidente, acaba de realizar sua Assembleia Geral na Escola Paulo Freire em São Paulo, com delegações de diferentes países latino-americanos e caribenhos. As boas análises, conversas, reflexões e deliberações iluminarão os passos de educadoras e educadores populares no continente nos próximos anos.

O que fazer no campo político? “Como CEAAL, afirmamos nossa decisão de constituirmos um movimento de educadoras-es populares articulado com outros processos organizativos e movimentos sociais da América Latina, Caribe e Sul Global, que se orienta por sentidos emancipatórios como o bem viver e o viver bem, a defesa da vida,  os direitos humanos e a Mãe Terra, Pachamama, os territórios e os bens comuns, assim como perspectivas feministas, anticapitalistas, antipatriarcais, anticoloniais, antirracistas e antiimperialistas.”

 Os passos a serem dados no espaço orgânico: “Desde o CEAAL, assumimos a construção de um modelo organizativo horizontal, autogestionário e participativo, que põe em prática a corresponsabilidade para ter efetivos nossos mandatos, retomando seu acumulado histórico, para avançar em nossa consolidação como Movimento de Educação Popular, para que, junto a diversos atores, fortaleçamos os eixos de nossa ação, a ação dos coletivos nacionais e dos grupos de trabalho que fortaleçam o sujeito político latino-americano.”

O que fazer no campo pedagógico: “Desde o CEAAL, nos comprometemos a fortalecer o sentido coletivo transformador e emancipador de toda prática pedagógica e sua constante interpelação ao modelo hegemônico, a partir da produção e apropriação de pensamento e conhecimento crítico, desde o sentipensar das práticas, recuperando visões ancestrais e saberes coletivos de nossos povos, desde os princípios da educação e comunicação popular, em busca de uma justiça epistêmica, que contribuam na construção do poder popular, democrático, anti-imperialista e feminista, frente à apropriação individual do conhecimento coletivo, junto com os sujeitos e movimentos que atuam em nossos territórios.”

Quais são os objetivos estratégicos do CEAAL?

No campo político: “1. Fortalecer o sentido emancipador e transformador do CEAAL, como movimento de educação popular e como referência na América Latina e Caribe. 2. Contribuir desde nosso ser Movimento de Educação Popular na construção de propostas que levem a uma mudança de sociedade. 3. Aportar ao fortalecimento do sujeito político latino-americano e caribenho, com diversidade, desde perspectivas feministas, anticapitalistas e antipatriarcais para a emancipação dos povos.”

Os objetivos orgânicos: “Fortalecer a articulação entre os coletivos nacionais e os grupos de trabalho. 2. Recriar e potencializar as vinculações com atores dos diversos territórios, para gerar novas formas de articulação e ação coletiva. 3. Consolidar a articulação do CEAAL com outros movimentos sociais, territoriais da América Latina e Caribe.”

Os objetivos pedagógicos são: “1. Consolidar a Educação e a Comunicação Popular como ação política, transformadora, emancipadora para a construção de propostas pedagógicas alternativas, de produção de conhecimento. 2. Construir conhecimentos e pensamentos pedagógicos desde o sentipensar  das práticas, recuperando visões ancestrais e saberes coletivos de nossos povos, buscando a justiça epistêmica na construção do poder popular, anti-imperialista e feministas. 3. Construir uma proposta de formação político-pedagógica que contribua e impulsione processos de IAP, sistematizados e recuperação crítica dos processos que acompanhamos, que permita dar conteúdos políticos às ações impulsionadas por CEAAL, assim como colocar uma aposta comum entre os diversos atores para um olhar estratégico de mudança e transformação da sociedade.”

A convocação está feita para todas e todos, educadoras-es populares, militantes do sonho e da utopia revolucionária que queiram somar-se nesta jornada pedagógica libertadora e conscientizadora à luz de Paulo Freire, construindo ‘um outro mundo possível’, hoje mais do que urgente e necessário.

Inesperada e imerecidamente, fui homenageado com uma camiseta de presente no final da Assembleia, com fotos coloridas dos participantes da Assembleia e de educadoras-es  populares, e uma bandeira do CEAAL com mensagens escritas à mão. E finalmente, Maurício, cordelista do SINTTEL de Pernambuco, declamou uma poesia para as-os participantes, que muito me honra e que vou levar no coração o resto da vida.

SELVINO – PÃO, PALAVRA E PROJETO

O Brasil é De Fato./ O artigo é Selvino./ A palavra também é.

O pão é partilhado./ O projeto é o que se quer.

50 anos passados,/ 50 de doação./ Doou seu tempo, seu amor.

Constituinte foi,/ dedicado à nação.

Inquieto como sempre,/ chega no CAMP apressado.

Ainda na inquietude/ e com a alma sem igual,/ carregado de esperança,/ abraça de vez o CEAAL.

Entre uma viagem e outra,/ sem tempo até pro cuscuz,/ Selvino logo de pronto/ se joga dentro do SUS.

50 anos passados.

Tantas palavras impressas,/ tantos verbos lançado/ Se o Selvino é palavra…,/ Selvino também é verbo.

Eu Selvino.

Tu Selvino.

Ele Selvino.

Nós Selvino.

Selviando pela vida,/com alegria, força e fé,/abraçando os amigos,/ bebendo quando quer.

Na escola,/ no campo,/ no bar.

Doravante mais 50,/ Selvino vai caminhar.

É claro que todos nós com ele/ queremos estar.

O pensamento termina,/com sentimento de gratidão,/ por Selvino ser nosso amigo,/ camarada e irmão.

De Maurício Lima, na Assembleia Geral do CEAAL, São Paulo, 8 de agosto de 2025

E digo, proclamo e anúncio eu agora, a partir da Assembleia do CEAAL, em convocação às-aos militantes revolucionárias (os) e às-aos sonhadoras (es) da utopia, direto da Escola Paulo Freire:

 Na boa luta, com fé e coragem, ESPERANÇAR. 

*Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

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