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Deputado estadual constituinte do Rio Grande do Sul (1987-1990); Participante da Ciranda pelo CEAAL Brasil, CAMP e Articula PNEPS-SUS.

Que venha a primavera!

O inverno social, econômico e político também dá sinais de, aos poucos, estar sendo enfrentado e superado, ainda que com muitas dificuldades e muito aos poucos

A semana é histórica. Começou com o Grito das Excluídas e dos Excluídos e dos Atos pela Soberania, acompanhados pela mobilização do Plebiscito Popular em andamento. Começou bem, presença de militantes, sonhadoras e sonhadores em todo Brasil, pela paz, pela Palestina Livre, pela soberania e pela democracia.

O inverno está terminando, com seu frio, suas intensas chuvas, suas tempestades. Em seguida, chegará a primavera de sol, de flores e clima agradável. O inverno social, econômico e político também dá sinais de, aos poucos, estar sendo enfrentado e superado, ainda que com muitas dificuldades e muito aos poucos. 

Os tempos não estão fáceis. A pandemia do coronavirus trouxe muita tristeza, muita dor, muitas mortes. A crise climática manifestou-se e aconteceu como não se via nada igual há décadas, quase séculos. As crises no mundo são aconteciam com a mesma dimensão faz tempo. A democracia parece ter perdido o sentido para muita gente. As guerras em curso não dão sinal, muito pelo contrário, de haver paz em seguida, com diálogo. Os Estados Unidos mostram-se de novo como xerife do mundo, sem respeito a nada e a ninguém.

O Brasil também está atravessando um momento delicado, com o julgamento da trama golpista de anos atrás, e suas possíveis consequências.

O que esperar então neste resto de 2025? Haverá, pois, primavera? É possível ter esperança?

O tempo passa devagar nestes períodos turbulentos. Nada, no entanto, é eterno. A boa vontade, a união, a coragem da e na luta, como se viu no Grito das Excluídos e das Excluídas e no Ato pela soberania no domingo 7 de setembro, são sinais. Daí para frente, juntando anúncio e denúncia, ninguém soltando a mão de ninguém, é preciso, e possível, construir o novo e o futuro.  

Como seria a primavera em 2025 e nos próximos anos? Quais seriam seus valores?

É preciso pensar e propor com urgência um projeto estratégico de sociedade, uma Sociedade do Bem Viver. Será uma sociedade com igualdade, com justiça social, com paz, com direitos para todas e todos, especialmente para os mais pobres entre os pobres, com cuidado com a Casa Comum.

Como chegar na primavera, que queremos e esperamos? Não é fácil, nem será de um dia para outro. Exigirá muito trabalho de base, ampla mobilização social e popular, com Formação na Ação, ser mais movimento e menos instituição.

O poeta Oliveira Silveira escreveu em ‘Praça da Palavra’: “Primavera, a mais amada, vem,/ olhos rasos de alegria./ Verão, o mais vibrado, vem,/ corpo banhado de esporte./Outono, o mais chorado, vem,/ galhos pingando lágrimas./  Inverno, o mais temido, vem,/ tiritando de medo.”

E no mesmo livro, outro poema de Oliveira Silveira: ‘Juventude’. “A primavera é um canto novo,/ um grito novo,/ uma voz quente/ que abala o inverno nevado/ em seus alicerces de gelo,/ em seus alicerces caducos.”

E meus humildes versos, de poeta a vida inteira: “A primavera vai aparecer?/ Ainda esconde seu rosto,/ suas verdades,/ seus brilhos,/ suas flores./ Mas a manhã há de chegar./ Mais uns dias, e vai chegar,/ com suas luzes,/ muito sol,/ os rostos alegres,/ mil manhãs de felicidade. Que venha a Prima Vera!”

*Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

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