Chegamos a um ponto alarmante em nossa história democrática. Enquanto alguns vestem a camisa da seleção brasileira com a bandeira dos Estados Unidos estampada ao lado da nossa, a classe trabalhadora do Brasil sofre com ataques que afetam diretamente seus empregos e seu sustento. Isso não é patriotismo, é subserviência.
Sob o comando de Donald Trump, os Estados Unidos recentemente anunciaram um tarifaço de 50% sobre vários produtos brasileiros. E não pararam por aí. A medida veio acompanhada de exigências inaceitáveis: o perdão ao ex-presidente golpista Jair Bolsonaro e a promessa de não regulamentar as “big techs”, gigantes da tecnologia que exploram dados e serviços no nosso país. Como se não bastasse, o governo americano ainda abriu uma investigação interna contra o Brasil e aplicou, de forma arbitrária, a Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes.
Essa ofensiva não se trata de um ataque diplomático, mas de um ataque direto à nossa economia e, principalmente, aos trabalhadores e trabalhadoras que dependem da exportação desses produtos para garantir emprego e renda.
Alguns tentam jogar a culpa no governo Lula, mas basta olhar para o cenário mundial: México, Canadá, União Europeia, Índia, Japão e Coreia do Sul — todos países aliados históricos dos EUA — também estão sendo atingidos com tais tarifas. Ou seja, não se trata de um problema isolado do Brasil. Ao contrário, a imprensa internacional destaca que Lula foi um dos poucos líderes a enfrentar Trump com firmeza, sem ceder a chantagens que ferem a soberania nacional.
Essa postura é fundamental, porque quando o governo brasileiro resiste, ele não está defendendo apenas sua imagem, mas a indústria nacional, os empregos, a arrecadação e a capacidade do país de decidir seu próprio destino.
E a pressão funcionou: antes que o tarifaço entrasse em vigor, os EUA recuaram e anunciaram que mais de 700 produtos brasileiros ficariam de fora da sobretaxa, incluindo itens importantes, como aviões civis, motores, peças aeronáuticas, suco de laranja, celulose e outros. Essa vitória parcial não foi por acaso. Foi resultado de firmeza política e negociação.
Mesmo assim, não podemos minimizar o que aconteceu. O gesto de Trump tem um viés claramente político-ideológico, mirando a libertação de Bolsonaro e tentando desestabilizar um governo democraticamente eleito. É uma manobra para enfraquecer nossas instituições e, por tabela, prejudicar nossa economia.
E é nesse ponto que precisamos falar claramente: quem aplaude esse tarifaço está atuando contra o Brasil e contra os trabalhadores. Está torcendo contra a indústria nacional, contra a agricultura, contra a cadeia produtiva que gera milhões de empregos diretos e indiretos. É gente que prefere agradar interesses estrangeiros, não defender a soberania e o desenvolvimento do nosso país.
O resultado político dessa crise também é evidente: Lula saiu fortalecido, enquanto figuras como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema, que tentaram surfar na onda trumpista, tiveram que recuar e mudar o discurso. Eles perceberam que o povo não tolera quem se coloca contra o Brasil em nome de alinhamentos externos.
Para nós, do movimento sindical, é perceptível que quando a economia é atacada, quem paga a conta é o trabalhador. É menos emprego, menos salário, menos investimento em políticas públicas. Por isso, a defesa da soberania não é um tema distante ou meramente diplomático: é uma questão de sobrevivência para as nossas famílias e para o nosso futuro.
O episódio do tarifaço deixa uma lição para todos nós: precisamos estar organizados e mobilizados para enfrentar qualquer medida que prejudique o Brasil e a classe trabalhadora. Não podemos permitir que disputas políticas internas enfraqueçam nossa resistência contra ameaças externas.
O verdadeiro patriota não veste a bandeira de outro país. Ele defende a nossa, com coragem, com consciência de classe e com compromisso com os que produzem a riqueza do Brasil: nós, trabalhadores.
Vida longa à luta da classe trabalhadora e à defesa da soberania nacional!