Quero começar esta jornada por aqui falando do privilégio de ser jovem, mulher, trabalhadora, e ter minha voz amplificada pela política e, agora, também pelo Brasil de Fato Paraná. Tenho 27 anos, sou professora da rede municipal, formanda em geografia pela Unila e em julho passado, fui eleita presidenta do PT em Foz do Iguaçu. Chegar até aqui não foi fácil. Luto para que muitas outras mulheres estejam ao meu lado, nesse mesmo lugar, fazendo acontecer.
Foz do Iguaçu vive um momento político delicado, como tantas cidades do país. Mas, para além da resistência, nós, mulheres, também temos o que celebrar. Pela primeira vez, temos a maior bancada feminina da história da Câmara Municipal. Somos quatro vereadoras com trajetórias diversas, ampliando os horizontes e colocando temas urgentes no centro da política local. Meu mandato também representa uma conquista geracional: sou a vereadora mais jovem da legislatura.
Nas últimas semanas, vivemos marcos importantes. Recebemos a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, para o pontapé da construção da Casa da Mulher Brasileira, a primeira em uma região de fronteira. A obra representa o compromisso do governo Lula com os direitos das mulheres e também a força da nossa organização política local.
Esse projeto nasceu da luta de muitas de nós, que atuamos em conferências, conselhos e espaços de participação popular. É a prova de que a política, quando feita com escuta e cuidado, transforma a realidade.
Também realizamos, aqui em Foz, o 1º Fórum dos Conselhos Municipais dos Direitos das Mulheres do Paraná, um espaço potente de articulação e troca com lideranças de todo o estado. E, na mesma semana, sediamos a 5ª Conferência Estadual das Mulheres. Com a presença da ministra, os debates ganharam ainda mais força. Ver mulheres do Paraná inteiro reunidas na fronteira, construindo coletivamente políticas públicas, mostra como Foz pode ser território de encontros e lutas.
Mas também de enfrentamentos. O Paraná é o terceiro estado que mais mata mulheres no Brasil. Esse dado não pode ser só uma estatística, tem que nos indignar, nos mover. Que ele seja um chamado à coragem. A coragem de agir com política pública, educação, presença e mobilização popular.
De minha parte, sigo comprometida. Porque é assim que se constrói a diferença: quando cada uma de nós se coloca à disposição da luta. Que mais mulheres ocupem, proponham, liderem e se organizem. Porque quando uma mulher ocupa, ela nunca ocupa só por ela.
Seguimos. E seguimos juntas.
*Valentina Rocha é vereadora, professora da rede municipal e presidente do PT em Foz do Iguaçu (PR).
**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.