Neste artigo continuaremos tratando como nos preparar melhor para enfrentar as catástrofes climáticas e, ao mesmo tempo, preveni-las, reduzindo a emissão dos gases de efeito estufa (GEEs), impedindo o aumento do aquecimento global, visando a própria segurança local e do planeta Terra.
E quais atividades que mais geram os GEEs? Vamos situar esta questão para grandes cidades, como Porto Alegre, e regiões metropolitanas. Em municípios menores, no fundamental, as considerações são semelhantes. No meio rural o GEE mais gerado é o metano (CH4).
Os dois principais GEEs nos grandes centros são o metano e o dióxido de carbono (CO2), também conhecido como gás carbônico.
O metano é o segundo GEE mais gerado, existe em altas concentrações, é muito tóxico e perigoso. No meio urbano a sua geração está diretamente vinculada ao tratamento do lixo. Como enfrentar: Incentivar ao máximo: (i) o reuso em nossas casas e também nos meios de produção, especialmente em indústrias; (ii) a reciclagem, com a coleta dos materiais recicláveis e a sua separação e venda por produto nas entidades de recicladores; (iii) compostagem, ou seja, produção de adubos, e (iv) implantação e adequada operação dos aterros sanitários. Nestes ocorre mais intensamente a geração do metano, que deve ser captado e reaproveitado.
Gás carbônico (CO2) e metano (CH4)
O dióxido de carbono (ou gás carbônico) é o principal GEE do meio urbano, chegando a representar perto dos 70% das emissões nos centros maiores. Sua origem quase total está na queima dos combustíveis fósseis, especialmente gasolina e óleo diesel.
Como já vimos, é possível reduzir muito a emissão dos GEEs, fazendo a captação deles através de plantas, especialmente árvores, tanto no meio urbano como rural.
Ainda assim é vital tratarmos do transporte. Podemos intensificar a racionalização e redução dos deslocamentos, incluindo maior uso das águas (barcos), trens elétricos e ciclovias que interliguem bairros.
GEEs nos meios urbanos
Substituir mais rapidamente gasolina e diesel é urgente. O álcool hidratado (etanol) gera bem menos GEEs, o gás natural (fundamentalmente metano) gera muito pouco GEEs, porém os seus vazamentos precisam ser rigorosamente evitados como vimos acima.
A grande solução mesmo, e que será uma das marcas do nosso tempo, serão os veículos e máquinas elétricas. No seu uso não há geração de GEEs e quase nenhum ruído. Já imaginaram as ruas de suas cidades e as estradas sem venenos no ar vindos dos canos de descarga e sem ruído.
Os veículos elétricos serão umas das marcas de nossa época, as cidades e as estradas sem os venenos vindos dos canos de descarga e praticamente sem ruídos.
Vamos enfrentar algumas críticas aos veículos elétricos. (i) As baterias são constituídas de lítio, de mineração difícil e de grande impacto. Toda mineração gera impactos, o lítio gera muitos impactos. A mineração pode e deve ser melhor controlada. Além do lítio, as baterias ion-lítio também usam cobalto, níquel, manganês e ferro.
Não por acaso estas baterias são muito utilizadas: concentram grandes quantidades de energia, são facilmente recarregáveis por muito tempo, podem ser recuperadas por até 4 vezes.
No início dos carros elétricos, estes usavam baterias de 2000kg para uma autonomia de 100km. Ou seja, era necessário produzir 20 kg de minérios para obter-se 1 km de autonomia de rodagem. Hoje, com baterias de 500kg é possível ter uma autonomia de 500km. Ou seja, é necessário produzir 1kg de minérios para ter 1km de autonomia, ie, houve uma redução de 20 vezes.
As baterias de sódio, também intregradas por metais, tem desempenho próximo às de lítio a um custo menor. Suas pesquisas estão avançadas e já existe produção em pequena escala. Podem substituir as baterias de lítio.
O grande avanço poderá ocorrer com a eliminação das grandes baterias por “células de Hidrogênio”, tanques de hidrogênio, que é convertido diretamente em eletricidade. Há um longo caminho a percorrer até obtermos e conseguirmos transportar grandes quantidades de hidrogênio a preços combatíveis;
(ii) Há produção de GEEs na geração da eletricidade. Hoje nossa energia elétrica produzida tem como fontes, em mais de 90%, quedas d’água, sol, ventos e biomassa (bagaço de cana, principalmente), recursos renováveis. Nestas condições há muito poucos impactos poluidores na produção da eletricidade brasileira. Este é um grande trunfo brasileiro. Nenhum outro país possui uma matriz elétrica com um percentual tão alto de recursos renováveis;
(iii) Haverá muita necessidade de energia elétrica para abastecer toda a frota. Nada disto: os motores elétricos são aproximadamente 3 vezes mais eficientes do que os motores à combustão. O aumento do consumo de eletricidade poderá ser absorvido por nosso sistema interligado nacional de energia elétrica sem maiores dificuldades;
(iv) Há poucos locais para a recarga das baterias. Esta crítica está correta. Em outros estados, as próprias concessionárias implantaram rotas para recargas.
O grande problema neste caso é sermos atendidos por uma empresa que não tem as menores condições de ser nossa concessionária de energia: não realiza manutenção e ampliação suficiente das redes e subestações; não possui pessoal suficiente e devidamente treinado; não possui um programa permanente de podas das árvores e implantação de redes ecológicas (rede protegida lançada entre árvores); não realiza monitoramento das previsões de tempo, colocando suficientes turmas à espera das emergências; não possui adequada comunicação com os consumidores e nem mesmo com autoridades.
É urgente uma forte redução da emissão dos GEEs. O Brasil é o quinto país entre os maiores emissores. No próximo artigo detalharemos esta situação nacional e internacional, já que este é um problema local e planetário.
* Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.