O conceito de imunidade de rebanho, utilizado em alguns casos específicos na ciência, sobretudo na medicina veterinária, só pode ser considerado em doenças com baixa mortalidade e que não tenham evolução para internações hospitalares, o que não ocorre com a Covid-19. Essa estratégia, no entanto, foi amplamente defendida pelo governo do presidente Jair Bolsonaro desde o começo da pandemia. A proposta era deixar uma grande parcela da população se infectar para que a pandemia fosse controlada naturalmente.
“Quando somos expostos a uma contaminação desenvolvemos nossa imunidade natural. Alguns autores defendem que em situações específicas, nas quais a infecção tenha um impacto de morbidade menor, o vírus pode circular e contaminar várias pessoas que por isso desenvolvem imunidade natural”, diz o médico Marco Túlio Aguiar Mourão Ribeiro, doutor em saúde coletiva pela Universidade Federal do Ceará, em entrevista a edição de hoje (9) do Programa Bem Viver.
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A defesa da imunidade de rebanho pelo governo federal é, inclusive, uma das linhas de investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado. “Só é possível considerar essa hipótese quando se tem uma infecção de baixo impacto, com mortalidade pequena”, diz o médico, que é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. “Logo foi visto que não era a estratégia adequada para a Covid-19, porque várias pessoas iriam ser internadas e chegariam a moralidade. A maioria dos países abandonou essa possibilidade.”
Outra questão preocupante, é que o Brasil estabilizou o número de mortes por Covid-19 em patamares muito elevados, o que aumenta o risco de um colapso no sistema de saúde público e privado. Uma pequena variação no número de casos e contaminações, por exemplo, pode fazer com que parte da população não consiga ter acesso aos tratamentos adequados em hospitais.
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“São três os caminhos para controlar a pandemia: diminuição de exposição ao vírus, imunização induzida pela vacina e uso de máscara. A gente não teve nenhum deles”, Avalia Marco. “Continuamos em um patamar estável, mas muito alto o que representa um grande risco para o sistema de saúde. Uma nova marezinha do vírus pode virar um colapiso.”
Copa América
O Ministério Público Federal vai investigar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e os patrocinadores da Copa América por violações do direito à vida e à saúde, segundo publicado da coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo.
O sub-procurador Carlos Alberto Vilhena, da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão determinou a expedição de oficios a procuradores de Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal. A intenção é incentivar a abertura de investigações. Governadores e prefeitos vão precisar responder por compactuarem com violações ou por não se oporem as elas.
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A iniciativa veio do grupo de trabalho de Direitos Humanos da Procuradoria. De acordo com o grupo, os planos apresentados não garantem que não haverá alta de casos devido a Copa América e que o evento coloca em risco a saúde dos trabalhadores.
O torneio está previsto para ocorrer no Brasil, a partir do próximo domingo (13), depois de Colômbia e Argentina, que originalmente sediaram a competição, terem suspenso o evento. O governo de Bolsonaro, então, atendeu ao pedido da CBF e da Conmebol e aceitou receber a Copa por aqui.
O Supremo Tribunal Federal marcou para amanhã (10) uma sessão extraordinária para tratar desse tema com urgência e decidir a respeito da realização ou não da Copa América no Brasil. E essa semana, o Ministério da Saúde lançou os protocolos pra realização do torneio que, de acordo com especialistas, não garantem a segurança necessária.
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Rap Indígena
Artistas indígenas exploram sons do rap e do heavy metal para produzir músicas próprias que abordem os desafios e as lutas desses povos pela conquista de direitos. As produções têm como objetivo resgatar a ancestralidade e fortalecer a luta territorial dos povos tradicionais.
"O rap é um estilo do povo negro. Então o indígena descobriu o rap porque ele gostou muito do ritmo, mas não pegou o rap à toa, não só a batida. O estilo foi transformado em um rap nativo. É um rap diferenciado. A gente fala de uma realidade que ninguém sabe ainda, falando da natureza", explica O rapper indígena Kunumi MC.
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