Embora a educação brasileiras ainda reproduza problemas de desigualdade e discriminação de raça e gênero enfrentados pelo país, são nas escolas que meninas mais sentem confiança para relatar casos de violência que acontecem dentro de casa.
A constatação é da pesquisadora Andressa Pellanda, coordenadora geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e integrante da Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala.
“A gente já passou da época de acreditar que a escola é a grande panaceia da sociedade, que ela só faz transformar a sociedade. Na verdade, a educação também acaba sendo um espaço de reprodução dos processos de desigualdade e discriminação que estão na sociedade”, argumenta a especialista em entrevista ao programa Bem Viver desta quarta-feira (8), Dia Internacional de Luta das Mulheres.
Pellanda aponta que “no Brasil, o nosso principal problema tem a ver com acesso, mas também com permanência."
Segundo a pesquisadora ainda é comum meninas desistirem dos estudos, seja por problemas dentro da própria escola, como também dentro de casa.
“A gente vê muitas meninas não darem conta de acompanhar os estudos por terem funções domésticas, que muitas vezes se caracterizam por trabalho infantil domésticos, elas cuidam dos irmãos mais novos e da casa de modo geral”.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PnadC) apontam, que existem 19,8 milhões de crianças e adolescentes na faixa etária de cinco a 17 anos realizando afazeres domésticos e/ou cuidado de pessoas, com predominância entre as meninas (57,5%) e na faixa etária de 16 e 17 anos.
No total, em 2019, havia 1,8 milhão de crianças e adolescentes de cinco a 17 anos em situação de trabalho infantil, o que representa 4,6% da população (38,3 milhões) nesta faixa etária. O resultado foi apresentado pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil.
Pellanda lembra também que grande parte dos casos de abuso sexual acontecem dentro de casa, envolvendo familiares. E para estas situações, são as escolas os locais de acolhimentos mais buscados por meninas.
“A gente tem esse desafio muito forte no país, principalmente em regiões de muita vulnerabilidade social, e não apenas no meio rural, mas nos centros urbanos também”.
O que não significa que não é preciso avançar dentro da escola. A pesquisadora destaca que a evasão dos estudos está muito ligada à qualidade da educação. "Isso significa olhar para toda a equipe multiprofissional”.
Para Pellanda, é preciso que os centros de ensino contem com psicóloga, com orientação educacional, com profissionais dedicados a construção de um projeto político pedagógico que leve em consideração a voz dos estudantes. “Os estudantes precisam se sentirem incluídos, pertencentes à escola”.
Além desse ponto, a pesquisadora defende que “os currículos incluam discussões sobre igualdade de gênero, de raça, de pessoas com deficiência para que a educação seja inclusiva como um todo”.
Por fim, Alessandra Pellanda pede que os problemas sejam combatidos fortalecendo toda a rede de amparo social que o Estado deve oferecer à sociedade.
“A gente precisa ter estruturação dos órgãos de assistência social e de saúde. Na educação a gente trabalha junto com a saúde e a assistência social, essas áreas foram sufocadas nos últimos anos, especialmente, pelo Teto de Gastos”, comenta a pesquisadora ao se referir a PEC 95 (Proposta de Emenda à Constituição) que limitou, por 20 anos, investimentos por parte do governo em setores fundamentais, como educação e saúde
“Não podemos deixar de falar das nossas educadoras, que precisam de um salário digno, que seja compatível com as demais profissões e que tenham a possibilidade de formação continuada, tenham amparo psicossocial porque são mulheres que enfrentam o machismo em todas as esfera, sociais e profissionais também”, finaliza Pellanda.
Card Bem Viver / Brasil de Fato
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