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Conversa Bem Viver

MST quer Pabllo Vittar na próxima Feira da Reforma Agrária e ela já deu sinal verde

A coordenadora Carla Loop contou que a artista demonstrou interesse, mas não pôde estar presente neste ano

Ao podcast Conversa Bem Viver, do Brasil de Fato, a coordenadora do Coletivo de Cultura do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Carla Loop, revelou que o movimento tentou viabilizar a participação de Pabllo Vittar na 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, que acontece entre 8 e 11 de maio em São Paulo. Em entrevista ao episódio desta sexta-feira (9), transmitido diretamente do evento, ela contou que a cantora respondeu afirmativamente ao convite, mas não pôde comparecer por conflito de agenda. A presença da artista permanece como plano para futuras edições.

“Entramos em contato com ela. Ela ficou bastante emocionada, respondeu dizendo que seria uma honra, mas, infelizmente, por questões de agenda, ela não pôde vir desta vez”, disse. De acordo com Loop, o MST organizou a feira em 57 dias, o que dificultou a participação de alguns artistas. “Seria incrível [ter Pabllo Vittar na próxima edição]. A disposição tem, nós temos agora que casar as agendas”, concluiu.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo em 2023, Vittar contou que “aprendeu o real conceito de coletividade quando viveu em um assentamento do MST, em Uberlândia (MG)”. Hoje, é uma das cantoras e drag queens brasileiras mais famosas no mundo.

Os artistas foram convidados com base em afinidades com os valores do movimento: da luta pela terra à agroecologia, passando pela defesa dos povos indígenas e da população negra e LGBTQIA+. E a construção da programação cultural da feira não ficou restrita ao Coletivo de Cultura, envolveu todos os integrantes do evento. “Pensar a estratégia da cultura é uma tarefa de todo e toda sem terra”, afirmou Loop.

O retorno, segundo a coordenadora, costuma ser imediato e afetuoso. “O maior desafio mesmo foi casar as agendas”, reforçou.

Um dos exemplos foi o cantor Almir Sater, que participou do show de abertura do evento, nesta quarta-feira (8). “Nem tínhamos previsto show naquele dia, mas ele falou: ‘Quero cantar para o MST’. Com essa resposta, não tivemos como não fazer. É a música agroecológica dele e de Xangai, que também subiu ao palco”, relatou.

Festival com Arnaldo Antunes e Marina Lima terá músicas autorais e coletivas

A Feira da Reforma Agrária promove neste ano um show coletivo inédito com Arnaldo Antunes, Marina Lima, Paulinho Moska, Catto, Fat Familly e FBC. A apresentação integra o Festival por Terra, Arte e Pão, que acontece na noite de domingo (11), e terá duração de duas horas com músicas autorais, interpretações conjuntas e surpresas construídas em colaboração entre os artistas. A ideia é mostrar, também no palco, a proposta do MST de uma cultura feita “a muitas mãos”.

A escolha por um formato coletivo, sem divisão de horários ou protagonismo individual, responde a uma dúvida comum desde que os nomes foram anunciados juntos: como se dariam as apresentações? Carla Loop explica que os artistas vão dividir o palco ao longo de toda a noite, alternando momentos individuais e de fusão musical.

“É um trabalho coletivo. Acho muito generoso da parte dos artistas, nesse dia, pensarem juntos em como celebrar a terra, a arte e o pão por meio das canções que eles já levam para o Brasil inteiro, nas suas trajetórias. Mas aqui, eles estão cedendo. Não tem mais ou menos espaço pra ninguém, é algo realmente feito em conjunto”, explicou.

Shows são resposta a ataques

O Festival por Terra, Arte e Pão surgiu em um momento simbólico: durante a CPI que tentou criminalizar o MST. Em resposta, o movimento organizou, em 2023, 16 festivais por todo o país com artistas parceiros.

“Foi uma forma de pedir solidariedade, uma ideia inspirada em festivais internacionais, de cantar as transformações do mundo”, esclareceu Loop. “Nós tivemos uma resposta rápida e impactante, foram muitos artistas envolvidos no Brasil todo. É a junção da terra, da arte e do pão, porque não queremos só comida, como canta Arnaldo Antunes.”

A programação da Feira, realizada no Parque da Água Branca, conta nesta sexta-feira (9) com shows de Teresa Cristina e Djonga. Já o sábado (10) será dominado pelo forró de Santana, o cantador, com Maciel Melo, uma escolha que atende especialmente à base camponesa do movimento. “O sábado é o grande dia em que o povo vem. O MST é muito forte no Nordeste, e a música também tem que falar com quem trabalha aqui desde cedo, quem viajou dias para estar aqui. E o forró agrada a todos”, observou.

Além dos shows musicais, a programação inclui sessões de cinema com exibições inéditas em parceria com o Brasil de Fato, oficinas, debates e lançamentos de livros. A entrada na feira é gratuita, assim como toda a programação cultural. Com atividades voltadas tanto ao público urbano quanto aos feirantes vindos de todo o país, o evento reafirma a proposta do MST de ser um produtor não apenas de alimentos, mas de cultura popular. Confira a programação completa.

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