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Fala Aí: “Como funcionaria a legalização do porte de armas no governo Bolsonaro?”

Ouvinte quer saber quais os trâmites necessários para aprovação de uma das propostas do presidente eleito

Uma das bandeiras de governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), a revogação do Estatuto do Desarmamento, que entrou em vigor em dezembro de 2003, já foi amplamente criticada por especialistas em segurança pública e direitos humanos, que alertam um possível aumento da violência com a maior circulação de armas na sociedade.

Aliado aos interesses da Bancada da Bala no Congresso, Bolsonaro tem se reunido com Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, para votação em plenário do PL 3227/2012, que pede a revogação do Estatuto. O texto já foi aprovado nas Comissões de Constituição e Justiça.

O tema, debatido com frequência nas últimas semanas, gerou a dúvida na estudante Natasha Rios, de 20 anos, que pergunta como seria a legalização do porte de armas e quais seriam os trâmites para a sua aprovação.

Guilherme Paiva, coordenador de estudos e projetos legislativos do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, responde a questão:

"A proposta da campanha do Bolsonaro, apresentada no plano de governo, fala apenas em reformular o Estatuto do Desarmamento para garantir o direito do cidadão à legítima defesa. Em seus discursos, ele sempre falou em garantir o direito ao porte e a posse de armas por todos, pois isso, na visão dele, aumentaria a segurança, embora diversas pesquisas mostrem que a violência aumenta quando há mais armas de fogo em circulação.

É importante diferenciar posse e porte de armas. Hoje, quem cumpre os requisitos de compra, registro e renovação poderá ter armas em sua residência. São requisitos bem razoáveis, como ter ocupação lícita, demonstrar aptidão para o uso, não ter antecedente criminal e possuir idade mínima de 25 anos. Para portar armas em seus deslocamentos, a lei estabelece requisitos bem estritos. Somente quem usa a arma como instrumento de trabalho, como policiais, seguranças privados e outras carreiras definidas por lei podem portar armas. Outras restrições são estabelecidas em decreto, como a utilização de armas de fogo em lugas públicos, com igrejas, escolas.

O trâmite para aprovação de liberação prometida pelo novo governo depende das mudanças que serão efetivamente propostas. Alterações em decreto são mais simples e rápidas, porque só dependem da decisão do presidente.Já alterações mais complexas, como reduzir a idade mínima ou acabar com a proibição do porte para outras carreiras profissionais, dependem de aprovação do projeto de lei no Congresso. Pode ser um projeto novo ou a aprovação de outros que tramitam na Casa".

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