Em seu primeiro pronunciamento à comunidade internacional, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) anunciou uma possível revisão no acordo do Mercosul. Em duas declarações, Bolsonaro deixou claro que o bloco econômico não será prioridade em sua gestão e afirmou que ele foi utilizado como “viés ideológico” por governos de esquerda no Brasil.
O Mercado Comum do Sul (Mercosul) é uma organização intergovernamental sub-regional que abrange a maioria dos países latino-americanos, composto por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A Bolívia, o Chile, o Peru, o Equador e a Colômbia são alguns dos países associados. A Venezuela, que fazia parte do bloco econômico, foi suspensa do exercício de membro do Mercosul por “ruptura da ordem democrática”, em decisão aprovada por unanimidade na reunião do dia 5 de agosto de 2017, que aconteceu em São Paulo.
Cerca de 90% das mercadorias fabricadas nos países-membros podem ser comercializadas internamente sem tarifas de importação.
O Brasil de Fato foi às ruas e ouviu a dúvida de Rafael Pistoche, de 23 anos, que perguntou como será a relação do Brasil com os outros integrantes do Mercosul no governo de Jair Bolsonaro.
A pergunta foi respondida por Lucas Mesquita, professor da Universidade Federal da Integração Latino-americana (Unila), que prevê mudanças na relação do Brasil com o Mercosul ao longo dos próximos quatro anos:
“Olá, Rafael. O governo Bolsonaro vem sinalizando, há algum tempo, desde que assumiu o processo de transição, que o Mercosul e as atividades multilaterais em que o governo brasileiro estava se inserindo vão sofrer algumas alterações. Por exemplo: o Mercosul tem uma tendência a se tornar cada vez mais um arranjo de integração econômica, estritamente econômica, deixando de lado as outras peculiaridades de uma integração regional com um aspecto um pouco mais político e social.
Alguns países já sinalizaram, como o caso do Paraguai, uma tentativa de aproximação do governo — que inclusive teve uma reciprocidade do governo Bolsonaro na sua transição como um possível parceiro, mas sempre nessa perspectiva comercial. Se a gente for pensar numa nova dinâmica das relações brasileiras com os países do Mercosul, acho que teremos um governo entendendo a integração regional, ou tendo seu aspecto da integração (inclusive reduzindo alguns mecanismos de integração que o governo brasileiro, o governo argentino, do Paraguai e do Uruguai vêm estabelecendo) em algo estritamente comercial”.